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FipeZAP: somente 33% dos entrevistados pretende comprar uma casa nos próximos três meses. (Montagem com elementos Canva/Reprodução)
Repórter de Mercados
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 08h40.
A intenção de compra de imóveis caiu ao menor patamar desde 2019, segundo o FipeZAP. A pesquisa Raio X do segundo trimestre de 2025 mostrou que somente 33% dos entrevistados pretende comprar uma casa nos próximos três meses. No primeiro trimestre, essa parcela chegava a 35%.
A redução da intenção de compra é compatível com o cenário atual do mercado imobiliário brasileiro. "O saldo da poupança segue com tendência de queda, reduzindo os recursos disponíveis para empréstimo no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) que costuma atender o segmento de médio e alto padrão. Ainda que os bancos tenham privilegiado empréstimos para pessoas físicas (em detrimento do financiamento da construção), as operações de aquisição com recursos do SBPE, acumuladas em 12 meses, começaram a diminuir em abril”, explica Paula Reis, economista do Grupo OLX.
https://exame.com/mercado-imobiliario/aluguel-aumenta-quase-o-dobro-da-inflacao-no-primeiro-semestre-veja-ranking-das-capitais/Além da escassez da oferta de crédito, os juros básicos da economia chegaram a 15% no final do mês de junho. Conforme as sinalizações do Comitê de Política Monetária (Copom) e as expectativas do mercado, a Selic deve permanecer nesse patamar por um bom tempo. “Isso encarece o crédito em geral e a captação de recursos para financiar aquisição e construção de imóveis”, afirma.
Embora a intenção de compra de imóveis tenha caído para o menor patamar, a participação de investidores entre os compradores que já adquiriram imóveis nos últimos 12 meses apresentou uma recuperação expressiva, passando de 31% para 43% na comparação trimestral.
Ao mesmo tempo, a participação de transações efetivadas classificadas como investimento também se recuperou, passando de 36% em março para 38% em junho de 2025. No entanto, esses dados se referem a compras já realizadas ou transações efetivadas, e não diretamente à intenção de compra de investidores potenciais.
“Uma possibilidade para explicar o salto é o aparecimento de melhores oportunidades de negócio no período considerado. Tanto a taxa média de retorno do aluguel quanto a taxa média de valorização real de imóveis residenciais estão abaixo do retorno real de aplicações financeiras compatíveis com o investimento imobiliário. Porém, tais taxas variam entre cidades e entre bairros da mesma cidade. Se os respondentes da pesquisa referente ao segundo trimestre de tiveram acesso a negócios mais vantajosos, faz sentido que o imóvel tenha sido direcionado para investimento”, explica.
A pesquisa identificou ainda um crescimento nas transações com desconto. Cerca de 66% das negociações registraram alguma redução no preço, acima da média histórica de 64%. O desconto médio nas transações se manteve em 7% (considerando todas as transações), com o desconto médio em transações que tiveram alguma redução no valor originalmente anunciado permanecendo estável em 10%.
Em relação às expectativas de preços, a percepção sobre os valores atuais dos imóveis não mudou substancialmente. Cerca de 71% dos entrevistados consideram os preços como “altos ou muito altos”, sendo que entre compradores esse número recuou para 60%, enquanto entre os proprietários, houve uma redução para 64%.
No entanto, a expectativa média agregada para os próximos 12 meses é de uma alta nominal de 2,7%. Entre os compradores mais recentes, essa expectativa de valorização era de 7,9%, enquanto entre os proprietários o aumento esperado era de 4,0%. Já para os compradores em potencial, prevaleceu uma expectativa de queda nominal de 0,2% para os preços.
As projeções para os próximos 10 anos mostram que 34% dos respondentes acreditam que os preços dos imóveis vão superar a inflação, com 28% esperando que os preços acompanhem a inflação e 13% prevendo um aumento abaixo da inflação. Entre os compradores recentes, 46% preveem uma valorização superior à inflação.
Já para os compradores potenciais, a expectativa era de 26% para valorização acima da inflação, 34% de acordo com a inflação, e 11% abaixo da inflação. Para os proprietários, 42% projetavam aumento dos preços acima da inflação, 21% de acordo com a inflação e 17% abaixo da inflação.
O Raio X FipeZAP é um questionário aplicado a usuários ativos dos portais ZAP e Viva Real que abrangem todas as regiões do País — sem recorte regional. Os respondentes são pessoas que compraram imóvel nos últimos 12 meses (“compradores”); que pretendem comprar um imóvel nos próximos 3 meses (“compradores potenciais”); ou usuários que são proprietários de imóveis adquiridos há mais de 12 meses (“proprietários”).
A edição do quarto trimestre contou com 1.219 respondentes. A maior parcela (69%) declarou renda domiciliar igual ou inferior a R$ 10 mil. A idade média do respondente da pesquisa é de 49 anos, e 53% dos respondentes são homens.