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De bairrismo ao parque Campo de Marte: por que essa incorporadora investe na Zona Norte de SP

Claudio Carvalho, membro do conselho de administração da Direcional e sócio da AW Realty, planeja lançar R$ 400 milhões em VGV por ano na região

 (Instagram/Reprodução)

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Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 24 de maio de 2025 às 15h16.

Última atualização em 24 de maio de 2025 às 15h33.

“Não atravesso mais o rio”. A frase é de Claudio Carvalho, sócio da AW Realty Incorporadora e morador da zona norte de São Paulo há 27 anos.

Ele nasceu na zona sul da capital, mas fez a travessia do Tietê quando se casou com sua esposa, de Santana. Foi morando na região que Carvalho, que também é membro do conselho de administração da Direcional, foi notando um bairrismo dos moradores semelhante ao já conhecido bairrismo da Mooca.

Limitada ao norte pela Serra da Cantareira e ao sul pela Marginal Tietê, a Zona Norte de São Paulo atrai menos investimentos das incorporadoras. Mas, quem nasce ou se muda para lá, costuma ficar.

“Percebo um movimento que é: a partir do momento que a pessoa vai tendo mais condição financeira, ela vai indo mais para perto das pontes. Mas dificilmente sai do bairro. Se sai, costuma ser para locais próximos, como Barra Funda”, afirma.

Carvalho considera a região promissora, apesar da velocidade de vendas mais lenta do que as das regiões sul e oeste da capital paulista.

A AW Realty deve chegar aos R$ 250 milhões em VGV (valor geral de vendas) neste ano, o que a coloca como a incorporadora de alto padrão com maior atuação na região, chegando a R$ 600 milhões lançados.

Para os próximos anos, o plano é lançar R$ 400 milhões em VGV entre Santana, Jardim São Paulo, Jardim França, Jardim São Bento, Tucuruvi, Água Fria e Casa Verde.

Apesar do ambiente macroeconômico, a demanda pelos produtos da AW Realty persiste, afirma Carvalho. Isso sobretudo porque a tomada de decisão de compra de imóveis residenciais pela alta renda depende menos da oferta de crédito.

O aeroporto que vai virar parque

A transformação do Campo de Marte em um centro comercial e um parque contribuem para o interesse da incorporadora na região.

A Prefeitura de São Paulo formalizou em fevereiro de 2025 a concessão do Parque Municipal Campo de Marte, dando início à construção e implantação do espaço sob a responsabilidade do Consórcio Cântaro SP, que terá a gestão por 35 anos. Atualmente, o projeto está na fase inicial, com intervenções planejadas para ocorrer em duas etapas.

O consórcio já assumiu a segurança e a zeladoria do parque, avançando na implantação dos equipamentos e na oferta de atividades abertas ao público.

O parque será implantado em uma área de cerca de 400 mil metros quadrados, com revitalização de mais de 260 mil metros quadrados. Além disso, o projeto contempla infraestrutura diversificada, como pistas para caminhada e corrida, pista de skate, quadra de bocha e equipamentos esportivos olímpicos.

Também estão previstos centros de convivência, estacionamento, sanitários acessíveis e uma área dedicada ao apoio logístico do Carnaval.

O Aeroporto Campo de Marte, no entanto, continuará existindo mesmo com a criação do novo parque.

O acordo firmado entre a Prefeitura de São Paulo e o governo federal em 2022 definiu que 80% da área fica sob domínio da União, onde está o aeroporto propriamente dito, enquanto os 20% restantes pertencem ao município e serão destinados à criação do Parque Municipal Campo de Marte.

Assim, o aeroporto permanece operante em cerca de 1,7 milhão de metros quadrados sob controle federal, enquanto o parque ocupará a parte do terreno que é da prefeitura.

Para além da ZN

A AW Realty dá início, neste fim de semana, à sua safra de lançamentos de 2025. Com isso, ela vai bater a marca inédita de R$ 1 bilhão em VGV lançado em um ano.

No Jardim Europa, a incorporadora apresenta o Visar, com VGV de R$ 500 milhões e preço médio por metro quadrado de R$ 30 mil.

Na zona norte, a empresa lança o Sereno Jardim São Paulo, com VGV de R$ 120 milhões. Em outubro, será a vez de um empreendimento de R$ 130 milhões, próximo à Avenida Braz Leme.

No pipeline de lançamentos para o ano, está também o Vittrino Campo Belo, empreendimento de R$ 320 milhões, na Zona Sul da capital paulista.

Em julho, ela entrega o Natus Braz Leme, com VGV de R$ 220 milhões. Em construção, há o Lorena por JFL Living, o Vittrino Francisca Julia e o Bosque Vila Nova.

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