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Fusões e aquisições despencam no setor imobiliário, apesar da resiliência dos shoppings

Segmento imobiliário registrou 19 operações de janeiro a junho, enquanto no mesmo período de 2024 foram concluídas 27 operações segundo dados da KPMG

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 7 de setembro de 2025 às 07h38.

O setor imobiliário teve queda de quase 30% no número de fusões e aquisições no primeiro semestre de 2025. A queda é bem superior à de 5% no número de transações das empresas brasileiras de todos os setores.

O segmento reportou 19 operações de janeiro a junho, enquanto no mesmo período do ano passado foram concluídas 27 operações, segundo dados da KPMG. Considerando todos os setores, as empresas brasileiras realizaram 739 operações de fusões e aquisições no primeiro semestre deste ano, contra 776 negócios realizados no mesmo período de 2024.

Das 19 concretizadas no primeiro semestre deste ano, 12 foram realizadas entre empresas brasileiras, 4 envolveram investidores não brasileiros adquirindo capital de companhias estabelecidas no país, 2 foram de transações de empresas brasileiras adquirindo, de estrangeiros, outra estabelecida no exterior e uma transação envolveu estrangeira comprando, de brasileiros, empresa estabelecida no exterior.

O estudo apontou ainda que houve um aumento na quantidade de transações em que investidores estrangeiros compram empresas brasileiras. No primeiro semestre deste ano, foram 199 operações contra 178 na comparação anual, um acréscimo de quase 12%.

O que pesa contra as fusões e aquisições

O principal fator para a queda foi a taxa básica de juros brasileira, que começou a aumentar em 2023 — justamente no mesmo ano em que o número de fusões e aquisições começou a cair no setor imobiliário. Além disso, fazem peso a volatilidade dos mercados internacionais e o aumento na percepção de risco por parte dos investidores.

“Esses elementos levam a uma maior cautela na tomada de decisão e na alocação de capital”, explica o sócio da KPMG no Brasil, Juan Diaz.

Entre 2018 e 2019, por exemplo, o número de fusões e aquisições no setor imobiliário saltou de 33 para 77. Isso não aconteceu à toa: a taxa Selic foi mantida em 6,5% ao ano de maio de 2018 até julho de 2019, quando iniciou uma série de cortes, terminando o período em 4,5% ao ano, patamar bem longe dos 15% de hoje.

Resiliência dos shoppings

Apesar disso, o setor de shopping centers mostrou certa resiliência, mantendo o volume de transações.

“Os fundos que detêm shoppings frequentemente precisam oxigenar seu portfólio. Isso significa que eles podem se desfazer de ativos estabilizados ou que já estão performando bem para buscar novas oportunidades ou para obter liquidez, especialmente em um mercado onde a liquidez é menor. E a comercialização dessas participações em shoppings entra na contagem de fusões e aquisições”, explica Diaz.

Fora isso, as empresas de shopping centers frequentemente têm planos de expansão ou novos projetos em andamento. Dado o elevado custo de financiamento de projetos, elas podem vender uma participação em ativos existentes para levantar capital e aplicar nesses novos empreendimentos.

Soma-se a isso o fato de que a construção de um shopping geralmente exige 100% do capital do empreendedor, seja por meio de empréstimos, ou capital próprio. O financiamento difere da incorporação, quando o comprador do imóvel na planta financia cerca de 30% do custo da obra, proporcionando um fôlego diferente à empresa.

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