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MRV (MRVE3): reconhecimento de perdas com Resia leva a prejuízo de R$ 775 milhões no 2º trim.

A incorporadora MRV, principal ativo do grupo, teve lucro líquido ajustado foi de R$ 125 milhões

 (Germano Lüders /Exame)

(Germano Lüders /Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 12 de agosto de 2025 às 18h28.

Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 18h46.

A MRV&CO (MRVE3) teve um prejuízo líquido atribuído aos acionistas controladoras de R$ 774,7 milhões no segundo trimestre de 2025. O resultado consolidado foi fortemente impactado pelo prejuízo de R$ 886,8 milhões de Resia, subsidiária da companhia nos EUA.

“Quase a totalidade desse resultado não é novidade, por ser proveniente do impairment que realizamos no mês passado”, disse Ricardo Paixão, CFO da MRV, em entrevista à EXAME.

A MRV fez uma estimativa de perda de US$ 144 milhões para ativos que serão vendidos abaixo do custo, também conhecidos como "safra legado". No balanço, a conversão do impairment resultou em um baque de R$ 800 milhões.

“É importante ressaltar que o impairment não considera a venda do empreendimento Golden Glades, que tem perspectivas de lucro e excelente retorno para a empresa”, ressalva a companhia em relatório. A venda do Golden Glades deve fazer com que a Resia volte a dar lucro em 2026, projeta Paixão.

O desinvestimento na Resia, a operação da MRV nos Estados Unidos, está em andamento com um plano estratégico de desalavancagem e venda de ativos com conclusão prevista até 2026. O plano prevê vendas de ativos que totalizam aproximadamente US$ 800 milhões. Destes, US$ 124 milhões já foram vendidos.

O plano visa diminuir significativamente o ritmo e o volume dos projetos nos EUA, reduzir custos administrativos, vender ativos e terrenos para gerar caixa e reduzir fortemente o endividamento.

O desinvestimento de Resia resultou em geração de caixa consolidada do grupo MRV&CO de R$ 138 milhões no trimestre.

Prejuízo nos EUA, lucro no Brasil

Considerando a operação de incorporação nacional das marcas MRV e Sensia, o lucro líquido ajustado foi de R$ 125 milhões, alta de quase 65% na comparação anual.

A margem bruta da operação ficou em 30,2%, alta de 4 pontos percentuais na mesma comparação. A receita operacional líquida ficou em R$ 2,5 bilhões, 21% superior do que a registrada no segundo trimestre de 2024. O Ebitda, por sua vez, cresceu 63% e alcançou o valor de R$ 467 milhões.

A MRV Incorporação registrou queima de R$ 36 milhões em caixa. A companhia afirmou que a queima de caixa no período pode ser atribuída a alguns fatores. Entre eles, a mudança de procedimento na Caixa, que passou a liberar os recursos somente após o registro dos contratos, gerando um impacto negativo de R$ 45 milhões. Um segundo fator envolve entraves com cerca de 1.324 unidades que, embora vendidas, não puderam ser repassadas aos bancos, não sendo reconhecidas como receita.

Sem esses impactos, a geração de caixa de MRV e Sensia para o trimestre seria de R$ 86 milhões, segundo a companhia.

A subsidiária da MRV nos Estados Unidos teve saldo positivo de US$ 39,3 milhões entre abril e junho deste ano, seguindo a estratégia de venda de ativos no exterior, revertendo a queima de US$ 65,9 milhões registrada no mesmo período do ano passado.

Já a Urba, focada em loteamentos e bairros planejados, teve geração de R$ 8,7 milhões. A Luggo, concentrada na locação de imóveis residenciais, queimou R$ 30,1 milhões.

Prévia operacional da MRV

Os lançamentos da MRV Incorporação somaram R$ 3,4 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) no segundo trimestre de 2025, o que representa crescimento de mais de 54% em relação ao mesmo período de 2024.

No semestre, o VGV atingiu R$ 6,3 bilhões, com alta de 65,5% frente ao primeiro semestre do ano passado.

Entre abril e junho de 2025, as vendas líquidas chegaram a R$ 2,6 bilhões, marcando aumento de 5,8% em comparação com o segundo trimestre de 2024 e de quase 24% em relação ao trimestre anterior.

No entanto, o número poderia ter sido ainda maior, caso não houvesse cerca de R$ 310 milhões não contabilizados devido a unidades não transferidas aos bancos.

No acumulado de janeiro a junho de 2025, as vendas líquidas totalizaram R$ 4,8 bilhões, com aumento de quase 4% em relação ao mesmo período de 2024.

A produção de unidades também subiu 11% no comparativo anual, totalizando 9.872 unidades, mas a velocidade de vendas (VSO) registrou queda de 9,4 pontos percentuais (p.p) no segundo trimestre, para 25%. No semestre, o VSO ficou em 40%, o que representa uma redução de 13,9 p.p em relação ao primeiro semestre de 2024.

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