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Ricardo Paixão, CFO da MRV (Divulgação)
Editor de Invest
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 16h57.
Um dia difícil para a MRV na bolsa. Ainda falta pouco mais de um mês para a divulgação dos resultados da companhia, mas a prévia operacional do terceiro trimestre frustrou as projeções dos analistas e reverberou nas ações. MRVE3 passou a sessão inteira encabeçando as maiores perdas do Ibovespa e liderou essa lista com folga, com queda de dois dígitos e chegando a entrar em leilão, tamanha a intensidade do recuo.
Os lançamentos da incorporação (abrangendo MRV e Sensia) recuaram 9,4% entre agosto e setembro deste ano, na comparação anual, para R$ 2,35 bilhões. As vendas, por sua vez, ficaram praticamente estáveis, em R$ 2,445 bilhões, com um leve recuo de 0,5%. Houve uma redução de 1.400 unidades repassadas em relação ao segundo trimestre, com um queda de 9,6%.
Nos balanços da companhia, são contabilizadas apenas unidades que tiveram o financiamento aprovado pela Caixa. Altamente expostos ao programa Minha Casa Minha Vida, os imóveis da MRV também contam com subsídios estaduais. que sofreram atrasos e se tornaram detratores da prévia operacional, conforme explica Ricardo Paixão, CFO da companhia.
MRV investe mais de R$ 1,4 bilhão em cidade sustentável de 16 mil pessoas do Minha Casa, Minha Vida"Se eu não tenho a composição completa do funding — entrada, subsídio federal e incentivo estadual — a Caixa não libera o financiamento", diz o executivo. O principal problema foi no Estado do Amazonas, que trabalha com o programa de habitação Amazonas Meu Lar. O atraso no repasse do subsídio estadual impactou o financiamento de 1.200 unidades que deixaram de ser contabilizadas no balanço da MRV. É uma questão que, segundo Paixão, já era para ter sido resolvida no terceiro trimestre.
"Ela deu alguns passos importantes, mas não foi 100% sanada. [...] Estamos muito confiantes e certos que eles [o governo do Amazonas] vão fazer um super trabalho agora no quarto trimestre", disse o executivo.
O atraso nos repasses dos programas regionais impediu que R$ 93 milhões fossem adicionados ao caixa da MRV Incorporação no terceiro trimestre. "A empresa continua construindo a unidade, desembolsa para construir, mas não recebe porque o financiamento não foi repassado ao banco", afirma Paixão.
E esse descasamento não é de hoje. Nos primeiros nove meses do ano, a MRV construiu mais do que recebeu repasses de financiamentos, o que desequilibra a geração de caixa da companhia. "Mas já estamos com margem de operação que é geradora de caixa".
O CFO diz que a baixa operacional do terceiro trimestre não deixa sequela e que projeções para o ano não precisarão ser revistas. "Quando as vendas forem repassadas, levarão os resultados acima, até mesmo, do que esperávamos para o quarto trimestre", afirma o executivo.
"A queima de caixa da construção vira estoque. O dinheiro sai para virar apartamento. Na hora que eu vender, ponho o dinheiro para dentro, de volta".
A Resia, subsidiária da MRV nos Estados Unidos, não depende de repasses de subsídios, mas ainda assim registrou uma queima de caixa de US$ 1,5 milhão no terceiro trimestre.
No final do ano passado, a empresa colocou US$ 800 milhões de ativos à venda — e executou US$ 150 milhões até agora. "No segundo trimestre [do ano que vem] a gente vai ver uma aceleração maior da execução desse plano. Tudo está indo conforme o esperado", afirma Paixão.
Ele aponta que a queima de caixa vem sobretudo de investimentos em construção e novos projetos, na ordem de US$ 15 milhões. "É um valor que a gente vê revertendo para dentro da empresa no momento da venda dos projetos".
"Como eu não repassei o cliente para a Caixa Econômica Federal, eu continuo construindo as unidades, então eu divido o embolso para construir, mas eu não estou recebendo porque o cliente não repassei.