Aeroporto dos EUA: operações da aviação norte-americana serão reduzidas em 10% a partir de sexta-feira, 7 (Al Drago /AFP)
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 08h28.
O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, informou nesta quarta-feira, 5, que 40 dos principais aeroportos do país terão suas operações reduzidas em 10% a partir de sexta-feira, caso a paralisação do governo continue.
A decisão ocorre em meio à escassez de cerca de 2 mil controladores de tráfego aéreo, consequência direta da falta de recursos causada pelo shutdown no país.
Em entrevista coletiva, Duffy explicou que o plano foi elaborado com base em dados sobre a concentração de voos e a pressão sobre o sistema aéreo.
“Esta decisão se baseia em dados, em função de qual companhia aérea tem mais voos e onde se concentra a pressão do sistema”, afirmou.
Segundo estimativas, entre 4 mil e 4,5 mil voos diários — comerciais e de carga — poderão ser afetados.
O administrador federal de Aviação, Brian Bedford, disse que os cortes atingirão principalmente mercados de alta demanda, como os aeroportos de Phoenix (Arizona) e Newark (Nova Jersey), que já registram atrasos de até três horas em voos internacionais.
Duffy reconheceu que muitos controladores estão há mais de um mês sem receber salário, o que levou parte deles a buscar outras fontes de renda.
“Não quero que tenham outros empregos, quero que venham trabalhar, mas entendo suas dificuldades”, afirmou.
A Secretaria de Transportes anunciou que convocará as companhias aéreas nas próximas 48 horas para coordenar ajustes de horários “de forma proporcional” e minimizar o impacto sobre os passageiros.
O shutdown do governo dos Estados Unidos se tornou o mais logo da história do país nesta quarta-feira, 5. A paralisação já dura 37 dias consecutivos e já afeta milhões de americanos, que enfrentam cortes em serviços essenciais e atrasos no pagamento de salários a funcionários públicos.
A paralisação começou em 1º de outubro, após o Congresso não chegar a um acordo sobre o orçamento federal, com a saúde no centro do desacordo.
O bloqueio do Congresso reflete a disputa entre democratas e republicanos. Os democratas condicionam a aprovação do orçamento à renovação dos subsídios federais de saúde para famílias de baixa renda.
Já os republicanos acusam a oposição de usar o orçamento para forçar avanços em pautas paralelas. Enquanto isso, projetos de curto prazo para reabrir o governo já foram rejeitados mais de uma dúzia de vezes no Senado, apesar de aprovados anteriormente pela Câmara.
O líder republicano no Senado, John Thune, reconheceu que esta é a paralisação mais severa já registrada. Apesar da tensão, ele afirmou que seu “instinto” aponta para uma possível saída nos próximos dias.