A ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar, voltou a criticar Javier Milei durante as comemorações dos 80 anos do peronismo (Amilcar Orfali/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 18 de outubro de 2025 às 09h08.
Uma multidão comemorou nesta sexta-feira o 80º aniversário do nascimento do movimento peronista em frente à residência da ex-presidente Cristina Kirchner, que foi à sacada de seu apartamento em Buenos Aires, onde cumpre prisão domiciliar, para saudá-los.
"É Milei ou Argentina", disse Cristina, referindo-se ao presidente do país, Javier Milei, em pronunciamento gravado antes de aparecer na sacada, onde foi estendida uma bandeira argentina.
Logo abaixo, na rua, havia inclusive músicos e seus instrumentos, mas principalmente militantes peronistas em grande número e personalidades políticas como o ex-chanceler Jorge Taiana, o candidato a deputado e conhecido líder dos movimentos sociais Juan Grabois e a presidente das Mães da Praça de Maio, Carmen Arias.
Nas ruas adjacentes à casa da ex-mandatária, milhares de apoiadores desse movimento político comemoraram o chamado Dia da Lealdade, em homenagem ao 17 de outubro de 1945, quando outra multidão exigiu a libertação de Juan Domingo Perón, então secretário de Trabalho e que havia sido preso.
"Nesse dia nasceu algo mais do que um movimento político, nasceu a consciência de um povo que entendeu que a justiça social não se mendiga, se conquista", disse Cristina.
A concentração ocorreu em plena campanha para as eleições legislativas do próximo dia 26, quando será renovada metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
A ex-presidente aproveitou para fazer proselitismo.
"Milei tem o voto dos que vendem a pátria ao melhor preço, mas não tem o voto dos trabalhadores que não chegam ao fim do mês", afirmou.
"Quando os poderosos de fora querem decidir quem governa, a resposta tem que ser a mesma de 80 anos atrás: a soberania não se negocia", declarou, fazendo alusão ao vínculo entre Milei e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No dia 10 de junho, a Suprema Corte da Argentina ratificou a condenação de Cristina por irregularidades na concessão de obras rodoviárias na província de Santa Cruz durante seu governo e o de seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007).
O peronismo considera Cristina vítima de instrumentalização da Justiça por parte de seus adversários políticos para persegui-la e desprestigiá-la.