Mundo

Argentina: distância entre dólar oficial e o informal cresce

A cotação do dólar em bancos e em casas de câmbio fechou hoje em 4,57 pesos, enquanto no mercado informal a moeda americana chegou a 6,80 pesos

Dólares: segundo economista-chefe do Centro de Estudos Econômicos Orlando Ferreres, existe uma "grande incerteza" no mercado sobre o futuro da política cambial local (Oscar Siagian/AFP)

Dólares: segundo economista-chefe do Centro de Estudos Econômicos Orlando Ferreres, existe uma "grande incerteza" no mercado sobre o futuro da política cambial local (Oscar Siagian/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 19h02.

Buenos Aires - A distância na Argentina entre o preço oficial do dólar e seu valor no mercado informal subiu nesta quarta-feira para 48,8%, por uma combinação de maiores restrições oficiais e fatores sazonais.

A cotação do dólar em bancos e em casas de câmbio fechou hoje em 4,57 pesos por unidade para a venda, enquanto no mercado informal, de acordo com a imprensa local, a moeda americana chegou a 6,80 pesos.

Há uma semana, o preço oficial era de 4,55 pesos e o do chamado "dólar blue" ou "paralelo" de 6 pesos por unidade, fazendo com que o salto acumulado desde então no mercado marginal tenha sido de 13%.

"As restrições para chegar ao mercado cambial continuam em vigor e presionam para cima, mas a aceleração dos últimos dias se deve a fatores sazonais", disse hoje à Agência Efe Fausto Spotorno, economista-chefe do Centro de Estudos Econômicos Orlando Ferreres.

Entre estes fatores, apontou o analista, estão a recente cobrança do salário anual complementar, uma renda que alguns optaram por destinar à poupança e às férias de inverno, que incentivam a reivindicação de divisa estrangeira entre os que viajam ao exterior.

Desde que o governo estabeleceu em novembro passado novos requisitos para a compra de moeda estrangeira com o objetivo de conter a fuga de capitais, o valor do dólar nos bancos e nas casas de câmbio acumulou uma alta de 7%, enquanto o aumento no mercado informal superou 50%.

As normas do Fisco restringiram na prática o acesso de muitos investidores ao mercado cambial formal, o que fez ressurgir os circuitos informais de compra e venda de divisas.

Segundo Spotorno, existe uma "grande incerteza" no mercado sobre o futuro da política cambial local, embora muitos já estejam contando com que os controles cambiais não se flexibilizem.


De fato, nas últimas semanas o Banco Central argentino suspendeu a possibilidade de comprar divisas estrangeiras destinadas à poupança pessoal, mas esclareceu que as permissões de aquisição de dólares para turismo, importações, compra de imóveis, aviões, navios e equipamento científico seguirão vigentes.

A autoridade monetária também decretou que quem estiver habilitado pelo Tesouro a comprar dólares para viajar ao exterior agora somente podem realizar a operação por meios eletrônicos ou cheques.

Por outro lado, os aposentados que recebem na Argentina aposentadoria do exterior começaram a receber o dinheiro em pesos, à taxa de câmbio oficial.

"As restrições à compra de dólares impactam negativamente na formação de expectativas, na fixação de preços e nas decisões de investimento do setor privado", advertiu a empresa de consultoria Economia & Regiões em um recente relatório.

Segundo a empresa de consultoria, a distância entre o dólar paralelo e o oficial gera "incerteza quanto aos futuros retornos de investimento medidos em moeda estrangeira".

Para Spotorno o fenômeno cambial começará a incidir até mais na economia em médio prazo pois a exportação é fortemente desestimulada ao obrigar este tipo de operação a um câmbio oficial pouco competitivo se comparado com o dólar informal.

"E uma queda nas exportações gera ansiedade de restringir cada vez mais as importações, o que leva a uma redução do crescimento da atividade econômica", lembrou o especialista. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCâmbioDólarMoedasArgentina

Mais de Mundo

Trump pede que se limite uso de paracetamol na gravidez por possível risco de autismo

Em primeiro discurso na ONU, Lula propõe criação de mecanismo anti-apartheid contra Israel

Falaria com Trump no corredor da ONU se eu fosse presidente, diz Temer ao defender diálogo

França reconhece Estado palestino às vésperas da Assembleia Geral da ONU