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Argentina mostra confiança de que vai receber US$ 2 bi do FMI mesmo sem cumprir metas

Como parte do novo programa anunciado em abril, a autoridade monetária argentina se comprometeu a acumular cerca de US$ 4,4 bi em reservas internacionais líquidas entre o fim de março e meados de junho

Banco Central da Argentina  (Mariano Garcia Gaspar / Getty Images)

Banco Central da Argentina (Mariano Garcia Gaspar / Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de maio de 2025 às 07h32.

Última atualização em 23 de maio de 2025 às 08h57.

Autoridades argentinas sinalizaram a investidores em Londres, na semana passada, que esperam receber um desembolso de US$ 2 bilhões do Fundo Monetário Internacional no próximo mês, independentemente de não cumprirem a meta de recomposição das reservas internacionais apenas alguns meses após o início de um novo programa.

Investidores que participaram da reunião de 14 de maio com o presidente do Banco Central, Santiago Bausili, e o secretário de Política Econômica, José Luis Daza, saíram com a impressão de que o governo receberia o próximo desembolso do programa do FMI, que totaliza US$ 20 bilhões — embora nenhum dos dois tenha dito isso explicitamente, segundo pessoas presentes que pediram anonimato, já que os encontros foram privados.

Como parte do novo programa anunciado em abril, a autoridade monetária da Argentina se comprometeu a acumular cerca de US$ 4,4 bilhões em reservas internacionais líquidas entre o fim de março e meados de junho.

No entanto, as reservas totais do banco central, na verdade, diminuíram desde que o FMI desembolsou US$ 12 bilhões em abril, e o presidente Javier Milei minimizou a necessidade de acumular reservas em uma entrevista de podcast no início deste mês, citando o regime de câmbio flutuante da Argentina.

A assessoria de imprensa do Ministério da Economia negou que os funcionários tenham comentado sobre o próximo desembolso, mas não deu mais detalhes. O banco central não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O FMI, por sua vez, remeteu às declarações da porta-voz-chefe Julie Kozack em uma coletiva de imprensa na quinta-feira.

“Há um reconhecimento mútuo com as autoridades sobre a importância de fortalecer os colchões externos e garantir um retorno oportuno aos mercados internacionais de capitais”, disse Kozack a repórteres.

Enquanto bancos centrais argentinos no passado tentaram acumular reservas comprando dólares no mercado oficial de câmbio, a equipe econômica de Milei optou por não intervir no peso enquanto ele flutuar dentro de uma faixa que começou, no mês passado, entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar — e que se amplia gradualmente.

Em vez disso, autoridades passaram a considerar a possibilidade de acumular reservas via emissão de dívida, como a possível emissão de títulos denominados em pesos que possam ser comprados com dólares, ou por meio de acordos de recompra.

Atualmente, o peso é negociado a cerca de 1.135 por dólar, segundo dados de preços compilados pela Bloomberg. Embora Wall Street tenha saudado os esforços de Milei para eliminar parte dos controles cambiais do país, investidores também expressaram cautela com a postura do governo de desprezar a necessidade de acumular reservas em moeda forte — munição que a Argentina precisa para pagar seus credores de títulos soberanos e defender o peso, que já perdeu mais de 9% em relação ao dólar neste ano.

“Se o programa está funcionando, como está funcionando agora, então essa métrica não será um problema”, disse o ministro da Economia, Luis Caputo, na terça-feira, durante uma conferência empresarial em Buenos Aires, referindo-se à acumulação de reservas. “Podemos acumular reservas não apenas com o Banco Central comprando no piso das bandas, mas também pela conta de capital.”

“E o programa econômico está funcionando muito bem, então seremos o país exemplo pelos próximos 20 anos”, acrescentou.

O 23º programa da Argentina com o FMI vem após o acordo anterior, firmado antes do governo Milei, ter saído drasticamente dos trilhos, forçando os dirigentes do FMI a concederem dispensas ao então governo de esquerda por não cumprir metas do programa — e ainda assim liberar mais recursos.

A acumulação de reservas tem sido um ponto fraco dos dois últimos programas do FMI na Argentina, já que a moeda sofreu sucessivas desvalorizações ao longo dos anos, tanto nos mercados oficiais quanto nos paralelos.

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