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Publicado em 7 de julho de 2025 às 09h41.
Faltando apenas dois dias para 9 de julho, Donald Trump vê seu próprio prazo para retomar tarifas contra dezenas de países apertar sem os acordos comerciais que prometeu.
A partir de quarta-feira, as taxas americanas voltam a valer sobre produtos de diversas nações. Segundo reportagem do Wall Street Journal, o presidente enfrenta uma semana turbulenta após não conseguir concluir as negociações que esperava selar até agora.
Em abril, o assessor comercial Peter Navarro havia previsto que o governo conseguiria firmar 90 acordos em 90 dias. Entretanto, Trump negociou apenas três pactos — e mesmo esses estão incompletos ou sem detalhes divulgados, de acordo com o jornal.
Um dos exemplos é o acerto anunciado com o Vietnã, no qual Trump disse que produtos americanos entrariam sem tarifas no país asiático, enquanto os EUA aplicariam taxas de 20% sobre produtos vietnamitas e 40% sobre mercadorias de outros países que transitassem pelo Vietnã. Porém, nenhum documento oficial foi publicado enquanto autoridades vietnamitas ainda negociam exceções que podem manter tarifas sobre alguns itens americanos.
“Atualmente, as equipes de negociação do Vietnã e dos EUA estão coordenando e mantendo discussões para concretizar os temas tratados pelos dois líderes”, disse um porta-voz do governo vietnamita em uma coletiva de imprensa.
Outro caso incerto envolve a China. O governo americano afirma ter fechado um acordo para reduzir controles de exportação de produtos estratégicos, como ímãs de terras raras, mas se recusa a divulgar detalhes, chamando o entendimento de “confidencial”, segundo a reportagem. Autoridades dos EUA agora admitem preocupação de que Pequim não esteja cumprindo todos os compromissos acertados.
“Quando se trata de ímãs, estamos novamente vendo algum progresso, mas estamos pedindo à China que acelere o acesso às terras raras e aos ímãs, conforme acordado nessas negociações”, disse o vice-secretário do Tesouro, Michael Faulkender, na quarta-feira, à CNBC.
Além de não avançar nos acordos, Trump passou a ameaçar impor tarifas extras. Neste domingo, o presidente dos EUA anunciou que aplicará mais 10% de taxas a países que se alinharem ao BRICS - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e outros emergentes. De acordo com ele, o grupo, que se reuniu neste final de semana no Rio de Janeiro, possui "políticas antiamericanas".
Apesar do tom duro, há sinais de que Trump pode novamente adiar as tarifas. Na última sexta-feira, o republicano havia divulgado o envio de cartas a países com tarifas unilaterais de até 70%. Esses documentos, no entanto, apenas prorrogam o prazo para 1º de agosto às nações que não firmarem novos acordos, segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em entrevista à CNN.
Enquanto isso, países como a Índia já preparam tarifas retaliatórias contra os EUA, caso não haja acordo, conforme documento da Organização Mundial do Comércio citado pelo WSJ.
Seja qual for o caminho, Trump entra na semana do prazo final com a pressão de selar o maior número de negociações em tempo recorde.