Sheikh Hasina: ex-primeira-ministra foi julgada culpada de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Internacional de Crimes de Bangladesh (INDRANIL MUKHERJEE/AFP /Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 10h40.
O governo interino de Bangladesh, liderado pelo prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, pediu nesta segunda-feira, 17, que a Índia entregue imediatamente a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, condenada à morte por um tribunal penal doméstico pela repressão aos protestos que levaram à sua renúncia em 2024.
Em comunicado, o Executivo afirmou que a solicitação se estende também a Asaduzzaman Khan Kamal, colaborador próximo de Hasina, e que o tratado de extradição vigente entre os dois países obriga a Índia a cumprir a entrega.
“Fazemos um apelo ao governo da Índia para que entregue imediatamente estas duas pessoas condenadas às autoridades de Bangladesh”, declarou o governo de Yunus.
O texto ressalta ainda que qualquer país que ofereça refúgio aos condenados cometerá “um ato extremamente inamistoso e uma afronta à Justiça”.
O governo interino classificou a condenação como um “veredito histórico”, mas pediu calma à população após o anúncio.
“O governo interino, reconhecendo a profunda importância desta sentença, apela a toda a cidadania para que mantenha a calma, a moderação e atue com responsabilidade”, afirmou em comunicado.
O Executivo destacou que as emoções da população são compreensíveis, especialmente entre os familiares das 1.400 vítimas dos protestos de julho de 2024, mas alertou que qualquer tentativa de causar desordem será reprimida com firmeza.
Em exílio na Índia desde agosto de 2024, Hasina, 78 anos, sempre negou as acusações. Após o veredito, em nota, ela afirmou que a sentença tem "motivações políticas" e foi ditada por um "tribunal manipulado, estabelecido e presidido por um governo não eleito e sem mandato democrático".
A decisão do tribunal era muito aguardada em Bangladesh. Na capital, a polícia foi mobilizada para garantir a segurança nas imediações da Corte e em todos os principais pontos da cidade. O país se prepara para as próximas eleições legislativas, marcadas para daqui a três meses.