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Brasil espera resposta do governo Trump sobre tarifas há 2 meses, diz carta do governo Lula

Em carta enviada a autoridades norte-americanas, Brasil manifesta indignação e reitera interesse em diálogo para evitar danos à parceria histórica entre os países

Publicado em 16 de julho de 2025 às 12h21.

Última atualização em 16 de julho de 2025 às 14h19.

O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira, 16, que enviou uma carta aos Estados Unidos reiterando seu interesse em dialogar sobre as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump.

Segundo o comunicado oficial, o Brasil ainda aguarda uma resposta de uma proposta feita aos EUA há dois meses, com "a esperança de retomar as negociações e encontrar uma solução para as tarifas". A nova taxa foi anunciada para entrar em vigor em 1º de agosto, mas ainda não foi oficializada.

A carta foi enviada na terça-feira, 15, pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

O governo brasileiro expressou sua insatisfação com a imposição das tarifas, destacando que a medida terá um impacto negativo significativo nos setores econômicos de ambos os países e poderá prejudicar uma relação histórica de mais de 200 anos entre as duas nações.

Desde o anúncio de tarifas, o Brasil tem buscado uma solução amigável e procurado alternativas para aperfeiçoar o comércio bilateral, diz o comunicado do governo.

O país também afirmou que, antes mesmo do anúncio das tarifas recíprocas, fez esforços contínuos de diálogo com as autoridades norte-americanas, na tentativa de resolver as questões comerciais e "evitar danos a uma parceria econômica vital".

Leia a nota do governo na íntegra:

No contexto do anúncio por parte do Governo norte-americano da imposição de tarifas contra exportações de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram ontem, dia 15 de julho, carta ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:

1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.

3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.

5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.

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