Bandeira do Brasil: reforma tributária no país ainda gera dúvidas (Horacio Villalobos/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 28 de maio de 2025 às 05h00.
Última atualização em 28 de maio de 2025 às 18h02.
O Brasil é o sexto país mais complexo do mundo para fazer negócios, aponta a edição de 2025 do Índice Global de Complexidade de Negócios (GBCI), divulgado nesta quarta-feira, 28, e obtido de forma antecipada pela EXAME.
Houve piora em relação ao ano passado, quando o país ficou em sétimo lugar, mas melhora em relação a 2022, quando o Brasil foi eleito o país mais complicado do mundo. Quanto maior a posição no ranking, mais difícil fazer negócios naquele lugar.
Os campeões da burocracia foram Grécia, França e México. Já os com maior facilidade foram a República Checa, Curaçao e Ilhas Virgens Britânicas. Veja as listas ao final da reportagem.
O Índice é elaborado pela consultoria TMF Group e analisa 79 países e jurisdições, que representam 94% do PIB global e utiliza 292 indicadores, como conformidade fiscal em relação aos padrões internacionais, um ponto em que o Brasil apresenta problemas.
"Apesar dos avanços, a sobreposição dos sistemas tributários federal, estadual e municipal continua sendo onerosa, especialmente quando integrada às normas contábeis internacionais, e o debate em curso sobre a reforma tributária adiciona ainda mais incertezas”, diz Mauricio Catâneo, Country Head da TMF Group no Brasil.
"A reforma vai gerar uma complexidade muito grande no momento de transição, que vai durar alguns anos", afirma.
Pelo lado positivo, o Brasil avançou em itens como melhora da infraestrutura, como estradas, que facilitam a circulação de mercadorias, e o avanço do uso da tecnologia em transações, com destaque para o pix.
"A melhora do Brasil se deve principalmente a avanços tecnológicos e à integração maior dos governos", diz Catâneo.
Ele aponta ainda que o Brasil está em situação melhor do que nos últimos anos também por conta da piora em outros países do exterior, que se tornaram mais complexos. A França, por exemplo, tem uma lei trabalhista muito forte, além de ter de seguir diversas regras da União Europeia.
O estudo aponta ainda que o maior desafio enfrentado pelas empresas hoje não é a complexidade, mas as incertezas, notadamente as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos neste ano.
Ao mesmo tempo, empresas vêm enfrentando dificuldades para manter funcionários especializados em tecnologia e auditoria. "Os profissionais mais jovens, em especial, exigem cargos que estejam alinhados
com seus valores e expectativas, o que leva os empregadores a repensarem a cultura
organizacional e os benefícios oferecidos no ambiente de trabalho", diz o estudo.
Já os lugares onde é mais fácil fazer negócios tendem a ser menores em território, além de ter uma cultura de simplificar burocracias. A República Checa foi o país considerado com menor burocracia entre todos os lugares analisados.
"Se o Brasil conseguir simplificar a entrada de capital e de investimentos estrangeiros, começaria a colher frutos muito mais rápido. Em 2025, o Brasil deverá receber US$ 80 bilhões de investimento estrangeiro direto. É um número modesto pelo potencial do país", afirma Catânio.
1. Grécia
2. França
3. México
4. Turquia
5. Colômbia
6. Brasil
7. Itália
8. Bolívia
9. Cazaquistão
10. China
1. República Tcheca
2. Curaçao
3. Ilhas Virgens Britânicas
4. Jamaica
5. Holanda
6. Jersey
7. Hong Kong
8. Nova Zelândia
9. Dinamarca
10. Ilhas Cayman