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Brics é oportunidade para Brasil buscar mais negócios com Oriente Médio e África, diz CNI

Empresários farão encontro no sábado para reunir propostas a serem apresentadas aos chefes de Estado, no domingo

Sede da reunião do Brics, no Rio de Janeiro: encontro de cúpula será realizado em 6 e 7 de julho (Pablo Porciuncula/AFP)

Sede da reunião do Brics, no Rio de Janeiro: encontro de cúpula será realizado em 6 e 7 de julho (Pablo Porciuncula/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 5 de julho de 2025 às 08h01.

A expansão do Brics, bloco que recebeu mais seis países em 2024, abre espaço para que o Brasil amplie negócios com o Oriente Médio e a África.

A Etiópia, um destes novos membros, pode ser uma porta de entrada para a África, por duas razões principais: o país abriga a sede da União Africana (principal bloco de países do continente) e tem a companhia aérea Ethiopian Airlines, a maior empresa aérea africana.

"Um dos temas tratados [nas conversas do Brics] é como intensificar as rotas aéreas entre os países do bloco, para dar maior conectividade em todos os sentidos", diz Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade que organiza o Fórum Empresarial do Brics.

"A Etiópia está buscando se tornar um hub na África Central, após anos e anos de conflito, e está precisando de muita ajuda em vários temas de cooperação técnica, como na formação de quadros e na agenda agrícola do país", afirma.

Em 2024, o Brics teve a entrada de mais seis países: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, que se juntaram ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Lamego aponta que a presença de países do Oriente Médio abre as portas para que as empresas brasileiras busquem mais investimentos e financiamentos, especialmente com os Emirados Árabes.

"É um mercado onde diversas empresas brasileiras, sobretudo as grandes, estão olhando com muita atenção em função das facilidades de investimento que estão sendo colocadas, e financiamento, inclusive para a transição verde", afirma. "Estamos falando de acesso a uma das regiões hoje que mais crescem no mundo."

Vista de Dubai, nos Emirados Árabes: empresas brasileiras querem se apoiar na adesão do país ao BRICS para ampliar negócios e atrair investimentos (Leandro Fonseca/EXAME)

Fórum Empresarial do Brics

No sábado, 5, será realizado o Fórum Empresarial do Brics, com a presença de autoridades e empresários de vários países do bloco. O presidente Lula estará na abertura do evento, marcada para 9h.

O evento, que durará o dia todo, debaterá temas como desenvolvimento sustentável, segurança alimentar, transição energética, economia digital e opções de financiamento.

Os empresários também debaterão uma lista de propostas para serem levadas aos chefes de Estado. Entre as medidas defendidas, estão a criação de um 'passaporte' para facilitar a circulação de especialistas e a intensificação da agenda de transição e segurança energética, em várias frentes.

"O Brasil tem todo um potencial em etanol. Agora, esse etanol precisa ser levado a outros países e fazer uma cooperação com a Índia, por exemplo", diz o superintendente da CNI.

Lamego cita ainda a busca de mais parcerias envolvendo SAF, o combustível sustentável de aviação, e a exportação de painéis fotovoltaicos da China para o Brasil.

"Essa agenda tem de ser complementar à de outras fontes de energia, para permitir que o Brasil, por exemplo, se torne um receptor de data centers, que vão exigir grandes quantidades de energia", afirma Lamego.

O que é o Brics?

O Brics é um grupo que reúne países emergentes para discutir questões econômicas e políticas.

Criado em 2006, o bloco reunia inicialmente Brasil, Rússia, Índia e China, cujas letras formavam a sigla Bric (tijolo, em inglês). Depois, em 2011, houve a entrada da África do Sul, chamada de South Africa em ingles, o que originou a sigla Brics.

Em 2024, foram admitidos mais seis países, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

A cada ano, um país ocupa a presidência do bloco e organiza uma reunião de cúpula em seu território. O Brasil comanda o grupo em 2025.

Quando será a reunião do Brics no Brasil?

A reunião de cúpula do bloco será realizada nos dias 6 e 7 de julho, domingo e segunda-feira, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.

Nos dias antes e depois da cúpula, haverá diversas reuniões e eventos paralelos, organizados por braços do Brics, como o Fórum Empresarial, e por países participantes.

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