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Câmara dos EUA aprova abertura dos arquivos do caso Epstein

Após decisão, que recebeu apoio quase unânime, o texto segue para análise do Senado americano

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 16h57.

Última atualização em 18 de novembro de 2025 às 17h39.

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A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, com apoio quase unânime, a proposta que obriga o Departamento de Justiça norte-americano a liberar todos os documentos relacionados aos crimes sexuais cometidos por Jeffrey Epstein. A votação ocorreu dois dias após o presidente Donald Trump retirar sua oposição ao projeto bipartidário.

O texto legislativo é de autoria do republicano Thomas Massie, do Kentucky, e do democrata Ro Khanna, da Califórnia. Agora, segue para apreciação no Senado, informou a CNBC.

A proposta enfrentava resistência dentro do próprio Partido Republicano, alinhada à postura inicial de Trump, que havia classificado o apoio à medida como um “ato hostil”.

O impasse legislativo também foi agravado pela paralisação das funções do governo ("shutdown"), que suspendeu as sessões da Câmara por quase oito semanas. Essa interrupção atrasou a posse da deputada democrata Adelita Grijalva, do Arizona, cuja assinatura era necessária para avançar com a petição de desobstrução.

Com o fim da paralisação na quarta-feira anterior e a posse de Grijalva, a pressão política aumentou. O presidente da Câmara, Mike Johnson, do Partido Republicano, antecipou a votação do projeto, que antes se encontrava estagnado.

Apesar de declarar apoio ao projeto, Johnson acusou os democratas de estarem promovendo uma “votação política simbólica” e manifestou preocupação com a proteção das vítimas envolvidas.

O governo Trump havia informado, em um memorando de 6 de julho, que conduziu uma “revisão exaustiva” dos documentos e concluiu “que nenhuma divulgação adicional seria apropriada ou justificada”. Essa decisão foi criticada por diferentes setores políticos, incluindo apoiadores do próprio Trump, especialmente após o presidente alegar, em campanha, que apoiaria a abertura dos arquivos.

Mudanças na postura de Trump

Na semana passada, o Comitê de Supervisão da Câmara tornou públicos milhares de documentos das ações de Epstein. Entre eles, e-mails que mencionam Trump foram destacados.

No domingo, 16, Trump voltou atrás e recomendou que os republicanos da Câmara apoiassem o projeto de divulgação dos arquivos. Já na segunda-feira, afirmou que sancionaria a medida, caso fosse aprovada pelo Congresso.

O conteúdo dos documentos de Epstein, muitos ainda sob sigilo, representa um ponto sensível para diversas figuras públicas e instituições envolvidas nas investigações ou que mantiveram relações com o empresário. A decisão da Câmara reacende o debate sobre transparência institucional e acesso à informação em casos de repercussão criminal e política.

O caso Epstein

Jeffrey Epstein foi condenado por crimes de abuso e tráfico de menores nos anos 2000 e voltou a ser detido, em 2019, por autoridades federais sob novas acusações. Ele morreu em uma cela em Manhattan, em um caso oficialmente classificado como suicídio, semanas após a prisão. Os documentos sob sigilo fazem parte de investigações criminais federais que não foram completamente divulgadas ao público.

A atuação de Trump no caso gerou críticas de membros do Partido Democrata e de parte de seus próprios apoiadores. Documentos obtidos por comitês da Câmara indicam que Epstein acreditava que Trump "sabia sobre as meninas", sem detalhar o contexto da afirmação. A Casa Branca afirmou que os registros não apresentam provas contra o presidente.

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