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Casa Branca ataca Amazon por ideia de expor custo das tarifas

Gigante do e-commerce diz que cogitou exibir impacto da política de Trump apenas em parte do site que concorre com chineses e não na plataforma com um todo

Agência o Globo
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Publicado em 29 de abril de 2025 às 14h53.

Última atualização em 29 de abril de 2025 às 15h04.

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Está surgindo um novo embate entre a Casa Branca e a Amazon, aponta reportagem do New York Times. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, acusou nesta terça-feira o gigante do varejo on-line de ser “hostil e político”, citando uma reportagem — contestada pela Amazon — do Punchbowl News, que dizia que a empresa começaria a exibir o custo exato dos aumentos de preços relacionados a tarifas ao lado de seus produtos.

Exibir as taxas de importação tornaria claro para os consumidores americanos que eles é que estão arcando com os custos das políticas tarifárias do presidente Donald Trump, e não a China, como ele e seus principais assessores frequentemente afirmaram.

Um porta-voz da Amazon afirmou que a empresa considerou uma ideia semelhante para uma parte de seu site, o Amazon Haul, que concorre com a varejista chinesa Temu. A Temu envia diretamente aos consumidores e começou a exibir “taxas de importação” para refletir o fim de uma brecha alfandegária que isentava itens de baixo valor das tarifas.

“As equipes discutem ideias o tempo todo”, disse o porta-voz Ty Rogers em comunicado.

Ele afirmou que a ideia nunca foi considerada para o site principal da Amazon, acrescentando:

“Isso nunca foi aprovado e não vai acontecer.”

Ao lado do secretário do Tesouro, Scott Bessent, durante uma coletiva na Casa Branca na manhã desta terça-feira, Karoline Leavitt criticou duramente a varejista. Ela disse que havia acabado de falar ao telefone com o presidente sobre a reportagem e questionou por que a Amazon não fez o mesmo quando os preços aumentaram durante o governo Biden por causa da inflação.

A secretária de imprensa acrescentou que isso “não é uma surpresa” vindo da Amazon, enquanto exibia uma cópia de uma matéria da Reuters de 2021 com a manchete: “Amazon fez parceria com braço de propaganda da China”.

As ações da Amazon caíram até 2,1% na abertura dos mercados em Nova York após os comentários da Casa Branca, antes de reduzirem as perdas, informou a Bloomberg. A empresa deve divulgar seus resultados financeiros após o fechamento do mercado na quinta-feira, com suas ações acumulando queda de mais de 20% desde o recorde registrado em fevereiro.

O ataque de Karoline à Amazon foi ainda mais notável porque o fundador da empresa, Jeff Bezos, tem feito grandes esforços recentemente para agradar à Casa Branca. A Amazon doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural de Trump, garantindo lugares para Bezos e sua noiva na Rotunda do Capitólio durante a cerimônia de posse.

Em dezembro, Bezos explicou sua guinada pró-Trump ao falar na conferência DealBook do New York Times.

“O que vi até agora é que ele está mais calmo do que da primeira vez”, disse Bezos sobre Trump, “mais confiante, mais centrado”.

Ele acrescentou:

“Estou muito esperançoso. Ele parece ter muita energia em torno da redução da regulamentação.”

A secretária de imprensa foi questionada se a Casa Branca ainda considerava Bezos um apoiador de Trump, dado o novo relatório.

— Olha, não vou comentar sobre o relacionamento do presidente com Jeff Bezos, mas posso dizer que isso é certamente uma ação hostil e política por parte da Amazon — afirmou ela.

Isenção de ‘minimis’

As tarifas agressivas de Trump sobre produtos chineses desencadearam uma guerra comercial crescente, mesmo com sua administração recuando em tarifas globais mais amplas, alegando negociações com dezenas de países sobre novos acordos comerciais.

Empresas como a Temu e o gigante chinês de fast fashion Shein estão se preparando para uma tarifa de 120% sobre muitos de seus produtos, em decorrência da decisão do governo dos EUA de encerrar a isenção “de minimis” para pacotes pequenos vindos da China continental e de Hong Kong. Algumas remessas da Amazon também se qualificam para essa isenção, mas a empresa também compra produtos em grande quantidade, que são enviados para seus armazéns nos EUA.

A Amazon lançou seu serviço Haul — que envia itens diretamente de vendedores, inclusive na China — no ano passado, como resposta ao crescimento da Temu, o aplicativo de compras de baixo custo que ganhou popularidade apesar dos longos prazos de entrega.

Segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, a possível exibição das taxas de importação pela Amazon estava relacionada ao fim da isenção de minimis, e não aos planos tarifários da Casa Branca.

Nos últimos anos, exportadores aproveitaram essa brecha que permitia a entrada de produtos com valor abaixo de US$ 800 nos EUA sem tarifas ou impostos alfandegários.

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