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Caso Epstein: arquivos sobre os crimes serão divulgados em 30 dias, diz procuradora

Decisão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos acompanha o voto, quase unânime, do Congresso pela liberação dos documentos

Caso Epstein: investigação sobre os crimes cometidos por Jeffrey Epstein preocupa Donald Trump (Davidoff Studios/Getty Images)

Caso Epstein: investigação sobre os crimes cometidos por Jeffrey Epstein preocupa Donald Trump (Davidoff Studios/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 16h09.

Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 16h48.

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciará, dentro de 30 dias, a divulgação dos arquivos da investigação sobre Jeffrey Epstein, empresário falecido que foi acusado de crimes sexuais, informou a procuradora-geral Pam Bondi nesta quarta-feira, 19.

A decisão segue o voto quase unânime do Congresso norte-americano, que exigiu que o governo de Donald Trump tornasse os documentos públicos.

Esses arquivos podem oferecer mais detalhes sobre as atividades de Epstein, que, antes de sua condenação em 2008 por aliciamento de menores para prostituição, teve relações com figuras influentes, incluindo Trump.

O caso tem sido uma dor de cabeça para o presidente, especialmente por suas ações em amplificar teorias da conspiração relacionadas a Epstein entre seus apoiadores. O governo de Trump foi criticado por encobrir os vínculos de Epstein com grandes políticos e empresários, e por manter sob sigilo detalhes sobre a morte do financista, ocorrida em 2019, em uma prisão de Manhattan, onde ele enfrentava acusações de tráfico sexual. Sua morte foi considerada pelos investigadores como suicídio.

Em uma coletiva de imprensa, Pam Bondi confirmou que o Departamento de Justiça vai liberar os documentos relacionados a Epstein dentro do prazo de 30 dias, como foi estipulado pela legislação que foi aprovada pelo Congresso, onde a maioria dos membros é controlada pelos republicanos.

"Continuaremos a seguir a lei e a incentivar a máxima transparência", afirmou Bondi.

Entretanto, a divulgação pode não ser completa, já que a agência poderá reter informações que possam afetar investigações conduzidas por Trump sobre figuras democratas associadas a Epstein, segundo a agência Reuters.

Além disso, o Departamento de Justiça tomará medidas para proteger a identidade das vítimas de tráfico sexual cujos nomes possam ser mencionados nos documentos, esclareceu a procuradora-geral.

Promessa de campanha e mudança de postura

Durante a campanha presidencial de 2024, Donald Trump afirmou que consideraria a possibilidade de liberar arquivos governamentais relacionados a Jeffrey Epstein. Mas, em julho, o Departamento de Justiça declarou que não havia evidências de que Epstein possuía uma "lista de clientes" ou que sua morte foi um assassinato, afirmando que não divulgariam mais documentos.

Essa postura gerou indignação entre críticos e até mesmo entre os apoiadores de Trump, que passaram a exigir maior transparência da Casa Branca sobre o caso. Como resposta, o ex-presidente ordenou que o governo liberasse mais informações.

Enquanto isso, um comitê de democratas na Câmara tem divulgado documentos que fornecem mais detalhes sobre a relação entre Trump e Epstein, embora nada indique que o ex-presidente tenha tido envolvimento nos negócios criminosos de Epstein.

Neste domingo, Donald Trump declarou apoio uma votação na Câmara dos Representantes para liberar os novos arquivos ligados ao caso do financista Jeffrey Epstein.

A fala ocorreu após legisladores democratas dos EUA divulgaram e-mails nos quais Epstein, condenado por crimes sexuais e tráfico humano em sua ilha particular, sugere que Trump sabia "sobre as garotas" do financista e que "passou horas" com uma de suas vítimas em sua casa.

"Já é hora de superar essa farsa dos democratas, perpetrada por lunáticos da esquerda radical para desviar a atenção do grande sucesso do Partido Republicano", escreveu o republicano em sua rede social Truth Social.

" Os republicanos da Câmara deveriam votar para divulgar os arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder", disse.

O que é o caso Epstein?

Durante as investigações sobre o tráfico sexual envolvendo Jeffrey Epstein e sua cúmplice e ex-namorada Ghislaine Maxwell, os procuradores federais reuniram milhões de documentos.

Os chamados "Arquivos de Epstein" contêm mais de 300 gigabytes de dados, incluindo documentos, vídeos, fotografias e gravações de áudio, todos armazenados no sistema eletrônico de gerenciamento de casos do FBI, denominado "Sentinel".

Esses registros incluem relatórios da investigação inicial conduzida pelo FBI em Miami, além de documentos da segunda investigação realizada pelo escritório do FBI em Nova York. Entre os documentos estão memorandos sobre apurações em andamento, possíveis alvos, locais a serem revistados, registros a serem solicitados por intimação, e centenas de páginas de "formulários 302", que são usados pelos agentes para registrar o que testemunhas, vítimas e suspeitos dizem em entrevistas.

Embora grande parte desses registros já tenha sido divulgada publicamente por meio de processos civis, do julgamento criminal de Maxwell e de reportagens, muitas figuras da mídia têm sugerido que o governo dos Estados Unidos ainda esconde informações cruciais sobre Epstein.

Várias versões dessa teoria da conspiração afirmam que a Casa Branca estaria encobrindo uma lista de homens poderosos envolvidos em crimes hediondos, conhecida como a "lista de clientes" de Epstein, que supostamente incluiria o nome de diversas pessoas influentes ligadas ao financista.

No entanto, a repórter Julie K. Brown, do Miami Herald, que possui as melhores fontes sobre o caso, já afirmou que "aqueles que trabalharam com o FBI no caso por décadas garantem que não há evidências de que Epstein tenha mantido um livro ou lista de clientes envolvidos em sua operação de tráfico sexual".

Além disso, a inclusão de um nome nos arquivos relacionados ao caso não implica, por si só, que a pessoa tenha sido acusada de qualquer crime.

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