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China chama de 'coerção' ameaça de Trump a parceiros da Rússia e promete mais apoio a Putin

Declarações foram feitas durante reunião da Organização de Cooperação de Xangai, que Pequim tenta apresentar como contrapeso aos blocos de poder liderados pelo Ocidente

Xi Jinping, presidente da China, reúne-se com diplomatas dos países membros da OCX em Pequim  (Ministério das Relações Exteriores da Rússia/ AFP)

Xi Jinping, presidente da China, reúne-se com diplomatas dos países membros da OCX em Pequim (Ministério das Relações Exteriores da Rússia/ AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 15 de julho de 2025 às 11h33.

Última atualização em 15 de julho de 2025 às 11h38.

A China chamou de "coerção" as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor "tarifas severas" aos parceiros comerciais da Rússia se a ofensiva na Ucrânia não for interrompida dentro de 50 dias, e prometeu mais apoio ao governo de Vladimir Putin.

As declarações foram feitas nesta terça-feira durante uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Pequim, da qual participam os principais diplomatas do grupo, incluindo o russo Sergei Lavrov.

"A China se opõe firmemente a todas as sanções unilaterais ilegais e à jurisdição de longo alcance. Não há vencedores em uma guerra tarifária, e coerção e pressão não resolverão os problemas", declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva, acrescentando que Pequim é a favor de uma “solução política para a crise na Ucrânia”.

Pequim há muito tempo busca apresentar a OCX como um contrapeso aos blocos de poder liderados pelo Ocidente, como a Otan, e tem pressionado por uma maior colaboração entre seus 10 membros.

"A confiança política mútua entre os Estados-membros se aprofundou", disse o presidente Xi Jinping aos chanceleres, de acordo com a emissora estatal CCTV.

"[A OCX] explorou com sucesso um caminho de cooperação regional que se alinha às tendências da época e atende às necessidades de todas as partes, estabelecendo um modelo para um novo tipo de relações internacionais".

Xi ainda defendeu, em uma bilateral com Lavrov, que China e Rússia devem “fortalecer o apoio mútuo em fóruns multilaterais”, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua. Disse também que devem trabalhar para “unir os países do Sul Global e promover o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa e razoável”, acrescentou.

O encontro ocorreu após a reunião geral de Xi com os ministros das Relações Exteriores da OCX, informou a agência de notícias TASS.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, "foram discutidas várias questões de contatos políticos bilaterais nos níveis mais altos e elevados”.

Entre elas estavam os preparativos para a visita do presidente Vladimir Putin à China para participar de uma cúpula da OCX e das comemorações do aniversário da Segunda Guerra Mundial.

No domingo, Lavrov já havia se reunido com seu homólogo chinês, Wang Yi, para discutir a Ucrânia e as relações com os EUA. O chanceler russo chegou à China após uma visita à Coreia do Norte, onde recebeu garantias de apoio em seu conflito com a Ucrânia.

Pequim afirma ser neutra na guerra, mas nunca denunciou a campanha militar de mais de três anos da Rússia, nem pediu que ela retirasse suas tropas da Ucrânia. Muitos dos aliados ucranianos acreditam que a China tem dado apoio a Moscou. Pequim pede regularmente o fim dos combates, ao mesmo tempo que acusa os países ocidentais de prolongar o conflito ao armar as forças de Kiev.

O Kremlin garantiu nesta terça-feira que continua disposto a negociar com a Ucrânia, mas que precisa de tempo para responder às “sérias” declarações de Trump.

"As declarações do presidente Trump são muito sérias. É claro que precisamos de tempo para analisar o que foi dito em Washington e se, ou quando, o presidente Putin considerar necessário, ele se pronunciará", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.

"Parece que essa decisão tomada em Washington, nos países da Otan e diretamente em Bruxelas será percebida por Kiev não como um sinal a favor da paz, mas como um sinal para continuar a guerra".

Dmitri Peskov afirmou ainda que a Rússia espera “propostas da parte ucraniana” para uma terceira rodada de negociações, após duas sessões infrutíferas em Istambul.

"Continuamos dispostos", declarou durante sua entrevista coletiva diária.

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