Desde o início deste ano, as tarifas impostas à China chegam a 145% (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 10 de maio de 2025 às 10h17.
Última atualização em 10 de maio de 2025 às 10h20.
A China Central Television (CCTV) que é a principal emissora de televisão estatal da China informou: “Na manhã do dia 10, horário local, começaram em Genebra, Suíça, as conversações econômicas e Altos funcionários dos Estados Unidos e da China estão reunidos neste sábado em Genebra desde das 10h da cidade suíça (4h de Brasília), para tentar reduzir a tensão da guerra comercial que começou quando Donald Trump impôs uma série de tarifas, agravadas pelas duras medidas de retaliação adotadas por Pequim.
As negociações “de alto nível entre China e Estados Unidos” começaram pela manhã, informou a emissora estatal chinesa China Central Television (CCTV) sem fornecer detalhes sobre as conversas entre o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, em um local mantido em segredo.
Esse é o primeiro grande encontro entre as duas maiores economias do mundo desde o retorno de Trump à Casa Branca, que adotou uma política comercial protecionista que gerou uma onda de instabilidade nos mercados financeiros, alimentando o temor de uma recessão.
Para as conversações, os Estados Unidos enviaram, além do secretário do Tesouro, Scott Bessent, o representante de comércio (USTR), Jamieson Greer, e a China enviou o vice-primeiro-ministro, He Lifeng.
Desde o início deste ano, as tarifas impostas à China chegam a 145%, e os encargos acumulados sobre certos produtos atingem a impressionante cifra de 245%. Em resposta, a China impôs tarifas de 125% sobre produtos dos EUA.
Trump sugeriu na sexta-feira que poderia reduzir as tarifas sobre a China para 80%, em uma publicação nas redes sociais.
“80% de tarifas para a China parece certo! Depende de Scott B.”, escreveu Trump na sua rede Truth Social, referindo-se ao secretário do Tesouro, que será o principal negociador dos EUA em Genebra.
O secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, declarou na noite de sexta-feira à Fox News que “o presidente gostaria de resolver as coisas com a China”.
“Ele quer desescalar a situação”, afirmou Lutnick, um empresário escolhido por Trump para o cargo por sua postura favorável às tarifas.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu que os Estados Unidos não vão reduzir as tarifas de forma unilateral e acrescentou que a China também terá que fazer concessões.
De qualquer forma, trataria-se apenas de um gesto simbólico, já que as tarifas continuariam em um nível extremamente alto.
“Um passo positivo e construtivo”
A China insiste que os Estados Unidos devem primeiro retirar suas tarifas e prometeu defender seus interesses. Bessent declarou que as reuniões na Suíça se concentrarão na “desescalada”, mas não em um “grande acordo comercial”.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, celebrou na sexta-feira o início das negociações e afirmou que se trata de “um passo positivo e construtivo rumo à distensão”.
A presidente da Confederação Suíça, Karin Keller-Sutter, também se mostrou otimista.
“Ontem, o Espírito Santo esteve em Roma”, disse na sexta-feira, em referência à eleição do papa Leão XIV. “Esperamos que agora desça para Genebra e fique o fim de semana por aqui”.
O secretário do Tesouro e o vice-primeiro-ministro estão reunidos dois dias após Trump anunciar um acordo comercial com o Reino Unido, o primeiro desde que o presidente republicano lançou sua ofensiva tarifária global no mês passado.
O documento foi divulgado na sexta-feira. Tem apenas cinco páginas e “não é juridicamente vinculativo”.
O acordo deverá permitir ao Reino Unido uma isenção setorial das novas tarifas dos EUA sobre automóveis, aço e alumínio britânicos. Em troca, Londres se compromete a abrir o mercado britânico a mais produtos agrícolas e pecuários norte-americanos.
Está previsto que os dois países continuem negociando para formalizar seus compromissos, mas, por enquanto, as tarifas dos EUA sobre produtos britânicos permanecem em vigor, segundo um porta-voz do governo britânico.
No entanto, permanece inalterada a tarifa básica de 10% sobre a maioria dos produtos britânicos, e Trump segue “comprometido” a mantê-la para outros países em negociação com os Estados Unidos, declarou Leavitt a jornalistas na sexta-feira.
Algumas horas depois, Trump pareceu contradizer sua porta-voz, sugerindo que poderia haver alguma flexibilidade na tarifa básica — mas apenas se for alcançado um acordo satisfatório.
“Pode haver uma exceção em algum momento, vamos ver”, disse ele durante um evento no Salão Oval. “Se alguém fizer algo excepcional por nós, sempre é possível.”