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China está disposta a trabalhar com o Brasil para defender 'equidade internacional' frente aos EUA

Em entrevista coletiva, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês voltou a ressaltar que guerras tarifárias não têm vencedores

Agência o Globo
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Publicado em 28 de julho de 2025 às 16h54.

Última atualização em 28 de julho de 2025 às 17h11.

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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou nesta segunda-feira, em entrevista coletiva em Pequim, que a China estaria disposta a trabalhar com o Brasil para defender a equidade frente aos Estados Unidos ao ser questionado sobre a ameaça do governo Trump de impor tarifas de 50% contra produtos brasileiros em 1º de agosto e o que o Brasil pode esperar de Pequim e do Brics em termos de abertura de mercados.

"A China está disposta a trabalhar com o Brasil, com outros países da América Latina e do Caribe, e com os países do Brics para defender em conjunto o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e proteger a justiça e equidade internacionais", afirmou Jiakun, lembrando que Pequim já deixou clara sua posição sobre os aumentos tarifários dos EUA contra o Brasil.

O porta-voz voltou a enfatizar que guerras tarifárias não têm vencedores: "práticas unilaterais não servem aos interesses de ninguém".

O Brasil é um dos países mais afetados com tarifas de 50% caso elas entrem em vigor na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto. O governo Lula enfrenta uma semana decisiva, ainda sem grandes avanços nas tentativas de negociação com Washington.

Em Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acena ao governo dos EUA que está disponível para falar sobre tarifas. O chanceler de Lula viajou aos EUA para participar de reunião da ONU e espera um contato de Washington. Diante do impasse, a saída imediata tem sido a preparação de um plano de contingência para mitigar os impactos econômicos.

China pronta para promover cooperação com o Brasil

Ao ser perguntado sobre a possibilidade de uma maior abertura do mercado chinês a produtos brasileiros que hoje são impostados pelos Estados Unidos, o porta-voz reafirmou que a China dá importância à cooperação com o Brasil focada em resultados e com base em princípios de mercado, incluindo no setor de aviação.

— Estamos prontos para promover essa cooperação com base em princípios de mercado e impulsionar o desenvolvimento nacional de ambos os países.

Quanto à retomada das negociações entre EUA e China em Estocolmo, na Suécia, Guo Jiakun voltou a afirmar que a posição de seu país em relação às questões econômicas e comerciais é consistente e clara:

— Esperamos que os EUA trabalhem com a China para implementar os importantes consensos alcançados pelos dois presidentes durante a conversa telefônica, aproveitem bem o mecanismo de consultas, alcancem mais consensos e cooperação e reduzam os mal-entendidos por meio da comunicação e do diálogo, com base na igualdade, no respeito e no benefício mútuo, promovendo assim o desenvolvimento estável, saudável e sustentável das relações entre as duas maiores economias do mundo.

China se opõe a acordos prejudiciais aos seus interesses

Questionado sobre se a China estaria disposta a aceitar um acordo similar ao fechado no domingo entre os EUA e a União Europeia, que segundo o bloco europeu não foi o ideal, mas o ''melhor que conseguiram'', o porta-voz respondeu que a China acredita que todas as partes devem resolver as divergências econômicas e comerciais por meio de um diálogo em pé de igualdade, preservar um ambiente saudável para o comércio internacional e a cooperação econômica, e respeitar as regras da OMC.

— Nos opomos firmemente a qualquer tentativa de alguma parte de firmar um acordo às custas dos interesses da China — concluiu Guo Jiakun.

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