O presidente dos EUA, Donald Trump (à esquerda), e o presidente da China, Xi Jinping, apertam as mãos ao saírem após suas conversas na Base Aérea de Gimhae, localizada ao lado do Aeroporto Internacional de Gimhae, em Busan, em 30 de outubro de 2025. O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, iniciaram em 30 de outubro seu primeiro encontro presencial em seis anos, buscando uma trégua para encerrar a guerra comercial que abalou a economia mundial. (Foto de ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP) (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS /AFP)
Redação Exame
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 09h29.
O Ministério do Comércio da China anunciou neste domingo, 9, retomará exportação de produtos de "uso duplo" civil e militar de gálio, germânio e antimônio para os Estados Unidos.
O país asiático havia proibido o comércio destes minerais no final do ano passado e, agora, suspenderá essa proibição por um ano.
Em um breve comunicado publicado em seu site, a pasta de Comércio chinesa indica que, até 27 de novembro de 2026, a proibição fica sem efeito.
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A ordem original, datada de dezembro de 2024, proibia "a exportação de artigos de uso duplo relacionados com gálio, germânio, antimônio e materiais superduros para os Estados Unidos", bem como controles "mais estritos" sobre a venda de produtos de grafite.
Após os pactos anunciados depois da reunião entre os presidentes de ambas as potências, Xi Jinping e Donald Trump, a Casa Branca havia adiantado que "a China emitirá licenças gerais válidas para a exportação de terras raras, gálio, germânio, antimônio e grafite em benefício dos clientes finais nos EUA e seus fornecedores em todo o mundo".
"A licença geral significa a retirada 'de fato' dos controles impostos pela China desde 2023", apontaram as autoridades americanas no início deste mês.
O comunicado fazia alusão às limitações à exportação de gálio e germânio - metais essenciais para a fabricação de chips e dos quais a China é o maior produtor mundial - que Pequim impôs em meados de 2023, obrigando desde então a solicitação de licenças específicas para vendê-los ao exterior.
Em outubro daquele mesmo ano, o Ministério do Comércio chinês começou a solicitar esse tipo de permissão especial também para alguns produtos de "uso duplo" de grafite, material usado para produzir fibra de carbono ou para fabricar eletrodos necessários para baterias e do qual a China também é o maior produtor e exportador em nível mundial.
Além disso, um ano mais tarde, Pequim adicionou a essas restrições o antimônio, um metal utilizado em diversos setores industriais, como a fabricação de baterias ou retardantes de chama, que ganhou importância estratégica nos últimos anos.
Depois disso, em dezembro de 2024, a China emitiu a mencionada ordem de limitar a exportação de todos esses materiais para os EUA em resposta às restrições anunciadas por Washington para frear a capacidade do gigante asiático de desenvolver microchips avançados.
Além do que foi confirmado hoje, China e EUA também concordaram em reduzir algumas das tarifas anunciadas nos últimos meses, suspender outras restrições a exportações - por exemplo, as anunciadas pela China às terras raras em outubro -, uma moratória às taxas portuárias e em reativar o comércio agrícola.
Os líderes Donald Trump e Xi Jinping se encontraram no final de outubro em Busan na Coreia do Sul. A reunião aliviou a tensão entre os países, embora ainda haja ceticismos sobre quanto tempo essa trégua pode durar.
Ao longo desse ano, Trump impôs altas tarifas a diversos países, muitos dos quais eram importantes parceiros comerciais dos EUA. Em relação à China, as sanções culminaram no mês passado, quando o republicano adicionou em uma lista negra as exportações de várias subsidiárias do governo chinês.
Em retaliação, o país asiático aumentou drasticamente seu controle sobre a exportação de terras raras, metais indispensáveis para a manufatura de tecnológicos, de smartphones a jatos.
Isso fez com que os EUA buscassem fontes alternativas dos materiais, mas com a China produzindo 70% das terras raras, e processando até 90%, segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um acordo com o país parecia inevitável.
Além disso, devido às tarifas, a compra de soja americana pela China caiu drasticamente, afetando produtores americanos diretamente, o que aumentou a pressão sobre Trump para um alívio das guerras tarifárias.
O encontro entre os líderes trouxe alívio global, mas não gerou nenhum tipo de acordo comercial formal.
Com Agência EFE