Mundo

Comissão de investigação da ONU pede reunião com Assad

A comissão independente investiga as violações dos direitos humanos na Síria


	Assad: o presidente da comissão insistiu que "é importante falar com quem está no cargo"
 (Addounia TV/AFP)

Assad: o presidente da comissão insistiu que "é importante falar com quem está no cargo" (Addounia TV/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 09h10.

Genebra - A comissão independente auspiciada pela ONU para investigar as violações dos direitos humanos na Síria enviou uma carta ao presidente Bashar Al-Assad, na qual solicita formalmente realizar uma reunião com o líder do país.

"Não estamos pedindo acesso à Síria, mas levando em conta a situação, seria muito importante que o presidente Al-Assad nos recebesse em Damasco", manifestou em entrevista coletiva o presidente da comissão, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

"Nossa intenção é ir, incondicionalmente, para nos reunirmos com o presidente Al-Assad e determinar como a comissão pode proceder", acrescentou o presidente da comissão.

Porém, Pinheiro não sabe se o pedido será aceito. "Não temos bola de cristal e não sei se Al-Assad vai aceitar, mas é nosso dever tentar ter acesso".

Pinheiro lembrou que esteve em junho na Síria, tentando, sem sucesso, conseguir a permissão de Damasco para a entrada da comissão, que até agora elaborou suas investigações a partir de entrevistas com centenas de pessoas.

O presidente da comissão insistiu que "é importante falar com quem está no cargo".

O comparecimento perante os meios de comunicação foi o primeiro da comissão desde que o Conselho de Direitos Humanos da ONU renovou e fortaleceu seu mandato em setembro.


Foi a primeira vez que junto a Pinheiro e a americana Karen Abu Zayd, que fazem parte da comissão desde o início de seus trabalhos há um ano, comparecem em público os dois novos membros: a ex-procuradora suíça Carla del Ponte e o jurista tailandês Vitit Muntarbhorn, que foi relator da ONU sobre a Coreia do Norte.

Os quatro se reuniram nesta semana, pela primeira vez, em Genebra, para coordenar seus trabalhos, que deverão ser moldados no próximo relatório, que será apresentado perante o Conselho de Direitos Humanos em março.

A nomeação de Carla, conhecida por seu papel como Procuradora-geral nos tribunais internacionais sobre a antiga Iugoslávia e sobre Ruanda, supôs, além disso, um maior realce midiático e político da comissão, que até o momento contou com um forte respaldo da comunidade internacional.

Carla explicou que aceitou fazer parte da comissão porque o governo suíço pediu. "Estava me aposentando e era uma boa oportunidade de voltar a fazer algo. Espero poder contribuir".

A ex-procuradora indicou que vê "semelhanças" entre o que conhece da Síria, após ler os relatórios prévios da comissão, e o que aconteceu em Ruanda e na antiga Iugoslávia.

"Estamos fazendo frente aos crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Há semelhanças também na maneira de proceder na investigação", disse Carla, que concorda que os responsáveis pelo conflito devem responder pelos crimes que cometeram.

A comissão facilitou à alta comissária da ONU de Direitos Humanos, Navi Pillay, nomes de pessoas suspeitas de terem cometido ou ordenado crimes contra a humanidade e crimes de guerra na Síria, mas essa lista continua sendo confidencial.

Pinheiro lembrou que a comissão não é um tribunal e que, portanto, não corresponde a ele divulgar esses nomes e nem decidir se devem ou não serem apresentados perante o Tribunal Penal Internacional.

"Isto é algo que corresponde ao Conselho de Segurança da ONU", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:PolíticosGuerrasSíriaONUBashar al-Assad

Mais de Mundo

Suspeito de assassinato de Charlie Kirk é acusado e pode receber pena de morte

Governo argentino anuncia processo para privatizar parcialmente suas três usinas nucleares

Luigi Mangione, acusado de matar CEO de seguradora, será julgado em dezembro nos EUA

Trump estende prazo para resolver venda do TikTok até 16 de dezembro