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Coreia do Norte aceita discutir desnuclearização com EUA, diz Sul

O regime manifestou, ainda, a disposição de cessar testes balísticos e nucleares enquanto as conversas com Coreia do Sul e EUA estiverem em andamento

Kim Jong-un e Chung Eui-yong da Coreia do Sul (Korean Central News Agency (KCNA)/Reuters)

Kim Jong-un e Chung Eui-yong da Coreia do Sul (Korean Central News Agency (KCNA)/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 6 de março de 2018 às 10h09.

Última atualização em 6 de março de 2018 às 14h25.

São Paulo – O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, está disposto a discutir o processo de desnuclearização com os Estados Unidos (EUA) e normalizar a relação entre os países. Concordou, ainda, em cessar os testes balísticos e nucleares enquanto os diálogos estiverem em andamento. A expectativa é que uma rodada aconteça com a Coreia do Sul já no mês que vem.

As informações foram divulgadas na manhã desta terça-feira pela agência de notícias sul-coreana, Yonhap, e pelo chefe de segurança nacional do governo do Sul, Chung Eui-Yong, em entrevista à rede de notícias CNN.

A sugestão, diz a Yonhap, veio do próprio Kim e aconteceu no encontro com uma cúpula do alto escalão do governo do Sul, chefiada por Eui-Yong, em Pyongyang, capital do Norte, no início desta semana. O líder norte-coreano teria dito, ainda, que um possível processo de desnuclearização seria um desejo de seu pai, Kim Jong-il, antes de morrer em 2011.

A Coreia do Norte ainda não se pronunciou oficialmente sobre o resultado das conversas desta semana. Se essas disposições forem confirmadas, serão uma conquista diplomática impressionante e resultado direto das ações do presidente do Sul, Moon Jae-in, que aproveitou os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang para reaproximar os países.

A visita dessa delegação nesta semana é a primeira em mais de dez anos e acontece depois da histórica viagem feita em fevereiro ao Sul por Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, para a abertura dos jogos, evento no qual ela convidou Moon a realizar uma cúpula intercoreana no Norte.

O presidente sul-coreano aceitou o convite, mas notou que certas condições deveriam ser estabelecidas para que ela se torne realidade. E uma delas seria o reinício das conversas com os EUA.

Se o encontro entre Kim e Moon acontecer, o mundo estará diante da primeira cúpula intercoreana em mais de uma década, após a realizadas em Pyongyang em 2000 e 2007 entre o falecido líder e pai de Kim Jong-un e os também ex-presidentes do Sul - ambos liberais, como Moon - Kim Dae-jung e Roh Tae-woo.

Do lado norte-coreano, a agência de notícias do regime, KCNA, informou que seu líder teve uma "conversa sincera" com a delegação de Seul, na qual expressou a "vontade firme de melhorar as relações entre os países” e escrever uma nova história de reunificação. Ao que tudo indica, esse será o caminho que a Coreia do Norte seguirá daqui em diante.

Essas manifestações sinalizam um possível fim para a crise nuclear que os testes balísticos e nucleares conduzidos pelo regime causaram no mundo nos últimos meses e que estremeceu sua relação com aliados como China e Rússia, além dos EUA, Japão e Coreia do Sul.

Repercussão

O presidente americano, Donald Trump, logo se manifestou sobre a reunião entre o regime norte-coreano e a cúpula de Seul. Sem muitos detalhes sobre o resultado das conversas, o republicano disse apenas “vamos ver o que vai acontecer” em uma mensagem divulgada no Twitter.

A normalização das relações entre EUA e Coreia do Norte seria um passo importante para a estabilização dos ânimos na península da Coreia. Nos últimos meses, provocações e ofensas foram trocadas entre os líderes dos dois países. Após uma ameaça de Kim ao território americano de Guam, no Pacífico, Trump chegou a dizer que o Norte encontraria “fogo e fúria jamais vistos”, se continuasse a escalar as ameaças.

A retórica agressiva de Trump se tornou uma fonte de preocupação para a comunidade internacional. Especialistas chegaram a considerar que as declarações do presidente americano eram “as maiores ameaças para a segurança do mundo”, uma vez que, embora o poderio militar do Norte seja limitado, é suficiente para causar estragos especialmente no Sul antes que um possível conflito pudesse ser resolvido.

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