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Crise política na França: ex-premier defende convocação de eleição presidencial antecipada

Édouard Philippe é o primeiro alto dirigente da aliança governista a pedir publicamente que Macron deixe o cargo

Agência o Globo
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Publicado em 7 de outubro de 2025 às 11h11.

O ex-primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, que chefiou o governo francês entre 2017 e 2020 como aliado do presidente Emmanuel Macron, defendeu nesta terça-feira a convocação de eleições presidenciais antecipadas para solucionar a crise política que paralisa o país.

A declaração foi feita um dia depois da queda de Sébastien Lecornu, que entregou o cargo de premier 27 dias após assumi-lo — sendo o terceiro premier a cair apenas neste ano, e com mandato mais curto da história recente da França.

Em entrevista à rádio RTL, Philippe afirmou que diante do "colapso do Estado", "a saída para a crise recai" sobre Macron, acrescentando que a situação atual não pode se arrastar até a próxima eleição presidencial — prevista para o primeiro semestre de 2027, e para a qual o atual presidente não poderá se apresentar como candidato, por estar em seu segundo mandato.

Posicionamento de Philippe e a crise política

Prefeito de Le Havre e líder do partido de centro-direita Horizontes, Philippe é o primeiro alto dirigente da aliança governista a pedir publicamente que Macron deixasse o cargo. A opinião da liderança é de que o presidente nomeie um novo primeiro-ministro com o único objetivo de aprovar o orçamento de 2026 e, em seguida, anunciar a convocação de uma eleição presidencial antecipada.

A saída de Lecornu do cargo aprofundou ainda mais a crise política que se acentuou na França a partir da convocação de eleições legislativas por Macron, em 2024, na mesma noite da vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. A decisão foi tomada sem consultar sua base aliada. O resultado do pleito foi uma Assembleia Nacional sem maioria clara e dividida em três blocos: centro-direita, esquerda e extrema direita.

Reação de Macron e instabilidade governamental

Ao aceitar a renúncia do último premier, Macron pediu que ele conduzisse negociações para a criação de uma "plataforma de ação" para estabilização do país até a noite de quarta-feira, acrescentando que iria "assumir suas responsabilidades" em caso de fracasso. Embora o círculo próximo do presidente não tenha dado mais detalhes, Macron sempre descartou renunciar antes do fim de seu mandato — o que levou veículos de imprensa franceses a levantarem a hipótese de que a linguagem vaga utilizada pelo Palácio do Eliseu poderia indicar uma possível antecipação das eleições legislativas.

Em setembro de 2024, Philippe chegou a declarar a intenção de se candidatar nas próximas eleições presidenciais, e apareceu como segundo em pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno. Em levantamentos mais recentes, porém, seu nome perdeu força. Ele criticou abertamente a eleição convocada em 2024.

"Ele não precisava dissolver [a Assembleia Nacional, em 2024]. A dissolução serve para resolver uma crise política, não para desarmar sabe-se lá o quê ou segundo sua conveniência pessoal", disse o ex-premier.

Reações da população e partidos

Um levantamento realizado pela Odoxa-Backbone na segunda-feira aponta que 70% dos franceses aprovam a renúncia do presidente.

Opositores também se manifestaram em meio à crise. O líder do partido A França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, defendeu a convocação de eleições presidenciais antecipadas, enquanto os líderes do Reagrupamento Nacional, de extrema direita, Jordan Bardella e Marine Le Pen, defenderam uma nova dissolução da Assembleia Nacional, com convocação de novas eleições.

O líder do partido Renascimento, de Macron, o ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, afirmou recentemente que "já não entende as decisões do presidente".

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