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Cristina Kirchner convoca apoiadores a se mobilizarem diante de risco de prisão

Ex-presidente da Argentina critica decisão judicial e diz que perseguição busca barrar sua candidatura

Cristina Kirchner: Não importa quem seja o primeiro ou a primeira, mas sim que haja uma unidade que garanta a construção da vitória (Amilcar Orfali/Getty Images)

Cristina Kirchner: Não importa quem seja o primeiro ou a primeira, mas sim que haja uma unidade que garanta a construção da vitória (Amilcar Orfali/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 10 de junho de 2025 às 07h26.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 07h28.

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A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (centro-esquerda), convocou seus apoiadores na segunda-feira, 9, a se organizarem diante da possibilidade de uma prisão iminente, que ela atribuiu a uma perseguição judicial para torná-la inelegível.

A ex-presidente (2007-2011 e 2011-2015) e ex-vice-presidente (2019-2023) foi condenada a seis anos de prisão e inabilitação política por corrupção, mas não foi presa porque a Suprema Corte ainda precisa decidir se aceitará analisar um recurso apresentado por sua defesa.

Em meio a especulações de que o tribunal decidirá contra ela a qualquer momento, centenas de militantes peronistas se reuniram em frente à sede do Partido Justicialista (PJ), principal força opositora ao governo, cujos dirigentes se declararam "em alerta" diante de uma eventual decisão desfavorável.

"Desde o militante mais humilde até o mais influente tem uma imensa responsabilidade: organizar-se," disse Kirchner, que é presidente do partido, diante das principais lideranças do peronismo e com centenas de manifestantes apoiando-a na rua.

"Não importa quem seja o primeiro ou a primeira, mas sim que haja uma unidade que garanta a construção da vitória," disse.

Kirchner, de 72 anos, anunciou na semana passada que competirá por uma cadeira no populoso terceiro distrito eleitoral da província de Buenos Aires, a mais populosa da Argentina, onde o peronismo é forte. Se conseguir uma cadeira, terá imunidade enquanto durar seu mandato de quatro anos.

No entanto, se o tribunal rejeitar o recurso de Kirchner, ela não poderá se candidatar. Por ser maior de 70 anos, pode solicitar prisão domiciliar.

Kirchner sugeriu em seu discurso que a Suprema Corte vai acelerar uma decisão para impedir sua candidatura e evitar que ela tenha imunidade. Além disso, qualificou o tribunal argentino como uma "guarda pretoriana do poder econômico" e fez um apelo à unidade de seu espectro político.

Sobre o governo do ultraliberal Javier Milei, acrescentou: "Enquanto seguem andando pelas ruas livres de qualquer culpa aqueles que fizeram mega renegociações e endividaram o país, estar presa é um certificado de dignidade".

Nas ruas

Nas ruas, centenas de pessoas se reuniram para apoiar a ex-presidente com bandeiras de organizações políticas e sindicatos e cantos como "se tocarem na Cristina, o caos vai tomar conta".

"Vim apoiar a Cristina porque o que estão fazendo com ela, essa tentativa de torná-la inelegível, é um ataque à democracia", disse à AFP Malena Ortiz, uma militante peronista de 26 anos.

Ao final de seu discurso dentro da sede, Cristina falou na calçada em frente aos manifestantes e criticou o modelo econômico de Milei.

"Acham que vão resolver isso me prendendo? Vai lá, me prende. Vão aumentar os salários dos argentinos? Vão começar a financiar as escolas e os hospitais? Vão conseguir pagar a dívida em dólares que têm com o Fundo Monetário Internacional e com os detentores de títulos?", questionou a presidente.

Kirchner acrescentou que o modelo atual "vai se esgotar" e que, com sua eventual prisão, "eles pretendem que, quando isso colapsar após as eleições [de meio termo em outubro], não haja uma alternativa organizada no país".

"Precisamos nos questionar como militantes nacionais e populares", disse como autocrítica, e acrescentou: "Precisamos de muita militância, muito trabalho, muita organização e muita solidariedade."

Ao mesmo tempo em que Kirchner falava, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, deu uma entrevista ao canal televisivo LN+, na qual afirmou que "não há um processo para torná-la inelegível".

"Há um processo judicial que durou 17 anos", afirmou.

Por sua vez, sindicatos de trabalhadores públicos, mecânicos e metalúrgicos anteciparam medidas de força caso seja concretizada a decisão contra Kirchner.

"Não podem tirar do jogo a principal referência da oposição", disse à AFP Marcela Correia, uma professora aposentada que foi ouvir Kirchner na sede do PJ. "Se isso acontecer, acho que todas as pessoas vão para as ruas"

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