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Cultivo de ópio aumenta no Afeganistão em 2016

A maioria das guerras no Afeganistão são financiadas pelo cultivo de ópio e, no ano passado, a ONU comemorou que a produção diminuiu pela primeira vez

Ópio no Afeganistão: País é o primeiro produtor mundial da droga (Parwiz/Reuters)

Ópio no Afeganistão: País é o primeiro produtor mundial da droga (Parwiz/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de outubro de 2016 às 10h53.

Última atualização em 23 de outubro de 2016 às 13h07.

A área dedicada ao cultivo do ópio aumentou 10% no Afeganistão em 2016, país que é o primeiro produtor mundial, após uma excepcional diminuição no ano passado, segundo estimativas da ONU publicadas neste domingo (23) em Cabul.

O aumento das terras cultivadas, de 183.000 para 201.000 hectares, atribuído a "melhores condições climáticas", implica uma previsão do crescimento na produção de ópio de 43%, a 4.600 toneladas, contra 3.300 toneladas em 2015, segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, em inglês).

Para a ministra encarregada da luta contra as drogas, Salamat Azimi, "a causa principal deste aumento é a crescente insegurança e a falta de fundos" que tem freado as campanhas de erradicação.

Neste momento, somente 13 das 34 províncias do país estão isentas do ópio, indicou a ministra diante da imprensa.

"É muito perturbador ver como o cultivo da papoula do ópio se estende nas províncias do norte" onde era quase inexistente, destacou o diretor da UNODC em Cabul, Andrey Avetisyan.

Enquanto 93% da papoula - matéria-prima do ópio - é cultivada no sul do país, o funcionário da ONU destacou uma "consoladora" diminuição em certas províncias meridionais: em particular uma queda da produção de "7% em Helmand", localidade que é a primeira produtora mundial, com 80% da produção total.

Os impostos dos talibãs

Helamnd, que faz fronteira com o Paquistão, é uma das províncias mas conflituosas do país, junto com seu vizinho Uruzgan; ela escapa completamente do controle do governo e está submetida a incessantes ofensivas dos talibãs, que operam na região com grande liberdade e recolhem "impostos" dos agricultores que cultivam o ópio, com os quais financiam sua insurreição.

O general Baz Mohammad Ahmad, vice-ministro do Interior encarregado da luta antidroga, recordou que "a maioria das guerras no país são financiadas pelo cultivo do ópio. Onde há ópio no Afeganistão é onde temos combates", insistiu.

Em 2015, pela primeira vez em seis anos, o cultivo da papoula do ópio diminuiu, com uma queda de quase 20%, enquanto a produção da droga encolheu quase 50%. Essa relativa vitória foi atribuída pela ONU às condições climáticas desfavoráveis.

A ONU comemora neste ano "uma produção menor que há dois anos", mas os especialistas afirmam que 2014 foi um período excepcional.

O relatório anual das Nações Unidas é apresentado como "a melhor avaliação dos cultivos de ópio", lembrou Avetysian, que lamentou "a recente diminuição do apoio internacional" na luta contra as drogas.

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