Reunião do Brics, no Rio de Janeiro, durante discurso do presidente Lula (Mauro Pimentel/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de julho de 2025 às 14h19.
Última atualização em 6 de julho de 2025 às 19h34.
Rio de Janeiro - A reunião de cúpula do Brics divulgou sua declaração final, um documento que resume as posições e compromissos adotados pelos líderes do bloco, no começo da tarde deste domingo, 6. O documento faz críticas à imposição de tarifas comerciais, condena os bombardeios ao Irã e reafirma o direito dos palestinos a um Estado. O texto defende ainda novas regras de governança para a inteligência artificial.
O Brics é formado por 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, Emirados Árabes, África do Sul, Indonésia, Etiópia, Irã, Egito e Arábia Saudita.
A declaração, de 126 itens, foi nomeada como Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável.
Leia a íntegra da declaração aquiAlém de uma crítica às tarifas comerciais, o documento cita o "protecionismo sob disfarce de objetivos ambientais".
"O sistema multilateral de comércio está há muito tempo em uma encruzilhada. A proliferação de ações restritivas ao comércio, seja na forma de aumento indiscriminado de tarifas e de medidas não-tarifárias, seja na forma de protecionismo sob o disfarce de objetivos ambientais, ameaça reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais, potencialmente exacerbando as disparidades econômicas existentes e afetando as perspectivas de desenvolvimento econômico global", diz a declaração, que não menciona os Estados Unidos de forma nominal.
"Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio", afirma o bloco.
A declaração do Brics cita ainda vários conflitos globais, no Irã, Ucrânia e em Gaza.
"Condenamos os ataques militares contra a República Islâmica do Irã desde 13 de junho de 2025, que constituem uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e expressamos profunda preocupação com a subsequente escalada da situação de segurança no Oriente Médio", diz o documento. O Irã é membro do Brics desde 2024.
O documento reafirma a posição de que os palestinos têm direito a um território. "Recordamos que a Faixa de Gaza é parte inseparável do Território Palestino Ocupado. Salientamos, a este respeito, a importância de unificar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sob a Autoridade Palestina e reafirmamos o direito do povo palestino à autodeterminação, incluindo o direito a um Estado independente da Palestina."
Sobre a Guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia em 2022, houve uma menção breve. "Recordamos nossas posições nacionais em relação ao conflito na Ucrânia, expressas nos fóruns apropriados. Esperamos que os esforços atuais conduzam a um acordo de paz sustentável", diz o texto. A Rússia integra o Brics e o presidente Vladimir Putin participou de forma virtual.
O Brics afirma que a Inteligência Artificial (IA) "representa uma oportunidade singular para impulsionar o desenvolvimento rumo a um futuro mais próspero".
No entanto, pondera que "para alcançar esse objetivo, destacamos que a governança global da IA deve mitigar potenciais riscos e atender às necessidades de todos os países, incluindo os do Sul Global".
"Um esforço global coletivo é necessário para estabelecer uma governança da IA que defenda nossos valores compartilhados, aborde riscos, construa confiança e garanta colaboração e acesso internacionais amplos e inclusivos, em conformidade com as legislações soberanas, incluindo o desenvolvimento de capacidades para países em desenvolvimento, com as Nações Unidas em seu centro.
O Brics divulgará ainda uma segunda declaração, dedicada exclusivamente às propostas para a IA.