Agência de notícias
Publicado em 7 de julho de 2025 às 08h33.
A Marinha da Colômbia anunciou, na última quarta-feira, a primeira apreensão de um narcosubmarino não tripulado no mar do Caribe. A embarcação, construída para ser operada por controle remoto, estava equipada com antenas de internet via satélite da Starlink e tinha capacidade para transportar até 1,5 tonelada de cocaína.
O uso de semissubmersíveis por parte de cartéis para levar drogas aos Estados Unidos e à Europa é uma prática conhecida, mas o modelo apreendido representa um marco: é o primeiro veículo do tipo detectado na região sem qualquer operador a bordo, sinalizando um novo patamar tecnológico no tráfico marítimo.
A embarcação foi localizada próxima à cidade de Santa Marta, no norte da Colômbia, e não continha drogas em seu interior. Segundo a Marinha, os traficantes estariam realizando testes operacionais antes de colocá-la em rota definitiva. O almirante Juan Ricardo Rozo, comandante da Marinha, destacou que o achado “reflete a migração para sistemas não tripulados mais sofisticados, que aumentam a capacidade de evasão, dificultam o rastreamento por radar e permitem certo nível de autonomia para redes criminosas”.
O modelo apreendido foi descrito como um drone subaquático com design furtivo, pintado em tons escuros que lembram o camuflado de aeronaves militares stealth. Sua forma hidrodinâmica reduz a assinatura acústica, tornando-o menos perceptível por sonares. Já o acabamento opaco dificulta a detecção aérea, segundo análise de especialistas em defesa que acompanham o caso.
Imagens divulgadas pelas autoridades mostram o casco cinza com uma antena Starlink instalada na proa. Segundo o jornalista Gonzalo Guillén, a conexão via satélite teria permitido ao submarino receber comandos remotos em tempo real e transmitir sua localização — ou até imagens — a operadores a milhares de quilômetros de distância, operando como se tivesse um “capitão virtual”. O uso da Starlink no narcotráfico não é inédito: em 2024, um barco com metanfetamina foi apreendido na Índia com o mesmo tipo de conexão.
A Marinha colombiana reconhece que o episódio representa um ponto de inflexão no combate ao narcotráfico marítimo. “As autoridades locais sequer dispõem dessa tecnologia”, afirmou uma fonte militar ao jornal. “Estamos diante do início de uma corrida tecnológica do crime.”
Fabricadas em estaleiros clandestinos no interior do país, essas embarcações leves e rústicas navegam rente à superfície da água, são mais lentas que lanchas rápidas, mas percorrem distâncias maiores e são extremamente difíceis de detectar. Agora, com o uso de inteligência artificial, conexão via satélite e operação remota, o narcotráfico amplia seu alcance com menos exposição e menos risco humano.
Embora estivesse vazia, a apreensão da embarcação foi tratada como um alerta internacional. Agências de segurança de outros países acompanham o caso com preocupação e discutem a necessidade de repensar estratégias de vigilância naval. Segundo a Marinha colombiana, trata-se de um “achado histórico” que escancara o surgimento de uma nova ameaça global: drones submersíveis autônomos, capazes de cruzar oceanos sem serem vistos.
A legislação colombiana prevê penas de até 14 anos de prisão para quem construir, operar, comercializar, possuir ou transportar semissubmersíveis.