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Desigualdade comercial: qual o peso das exportações brasileiras na economia dos EUA?

Brasil, no entanto, tem participação relevante em áreas como café, carne e açúcar

Donald Trump: o presidente dos EUA anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil (Win McNamee/AFP)

Donald Trump: o presidente dos EUA anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil (Win McNamee/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 10 de julho de 2025 às 18h33.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 18h53.

A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos tem uma grande disparidade. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial brasileiro, mas o Brasil não está apenas na 16ª posição de maior aliado americano.

Esta disparidade faz com que o Brasil tenha menos força para negociar acordos comerciais do que parceiros maiores, como México, Canadá e China, dos quais a economia americana tem maior dependência.

Dados do Departamento do Censo apontam que o Brasil respondeu por apenas 1,2% dos produtos importados pelos Estados Unidos e por 2,39% das exportações americanas, de janeiro a maio deste ano.

Assim, o Brasil é apenas o 17º maior importador de produtos para os EUA, e o 12º maior comprador de itens americanos. A lista de maiores parceiros americanos é liderada por México, Canadá e China.

A relação comercial entre os dois países vive uma crise. Na quarta-feira, 9, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros.

Trump disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas, além de citar práticas comerciais brasileiras que considera prejudiciais aos EUA. A medida entra em vigor em 1º de agosto e ainda pode ser negociada.

Maiores parceiros comerciais dos EUA

Dados de janeiro a maio deste ano, somando importações e exportações

1. México (US$ 359,5 bilhões)
2. Canadá (US$ 311,447 bilhões)
3. China (US$ 195,098 bilhões)
4. Alemanha (US$ 102,462 bilhões)
5. Japão (US$ 96,625 bilhões)
6. Suíça (US$ 95,722 bilhões)
7. Irlanda (US$ 90,843 bilhões)
8. Taiwan (US$ 86,526 bilhões)
9. Coreia do Sul (US$ 80,986 bilhões)
10. Vietnã (US$ 76,240 bilhões)
11. Reino Unido (US$ 69,240 bilhões)
12. Índia (US$ 65,399 bilhões)
13. Holanda (US$ 56,063 bilhões)
14. França (US$ 50,515 bilhões)
15. Itália (US$ 47,300 bilhões)
16. Brasil (US$ 40,071 bilhões)

Comparação com o PIB dos países

O total do comércio com o Brasil em relação ao PIB total dos EUA é pequeno. A produção total dos americanos em 2024 foi de US$ 29,1 trilhões, segundo o Banco Mundial, enquanto o comércio com o Brasil no ano passado foi de US$ 80,9 bilhões. Ou seja: a corrente comercial do Brasil representa apenas 0,27% de toda a economia americana.

No Brasil, a corrente comercial com os EUA tem maior peso: representou 3,67% do PIB brasileiro, que somou US$ 2,1 trilhão em 2024.

Líder em alguns mercados

Apesar disso, como mostrou a EXAME, o Brasil tem participação relevante em alguns mercados agrícolas, como o suco de laranja. O Brasil responde por 60% das exportações da bebida aos EUA.

No café, o Brasil responde por 30% do mercado do produto nos EUA, segundo dados do governo americano.

Em carne, o Brasil respondeu por 22% do mercado de importações do item em 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec).

O país é também um importante fornecedor de aço aos americanos. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. No acumulado do ano, o país vendeu 4,08 milhões de toneladas, representando 15,5% de todo o material comprado pelos americanos.

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