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Dilma na sombra de Lula é uma vergonha, diz Economist

Revista britânica afirma que a candidata do PT tem grandes desafios à frente, mas só conseguirá enfrentá-los se conseguir impor sua própria autoridade

Maior presente de Lula ao país é dar independência a Dilma, segundo a Economist (.)

Maior presente de Lula ao país é dar independência a Dilma, segundo a Economist (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Reportagem da revista britânica The Economist publicada nesta quinta-feira (30/09) afirma que a candidata à presidência Dilma Roussef (PT) precisa sair da sombra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Dilma ser tão dependente de Lula é uma vergonha, porque o Brasil precisa de um líder forte e independente", diz o texto.

Esta força, segundo a reportagem, será necessária porque, apesar de todas as conquistas do país, Dilma terá três grandes desafios a enfrentar se for eleita presidente. O primeiro deles é a corrupção. A Economist cita os recentes escândalos envolvendo a Casa Civil e o tráfico de influências e diz que novos casos como este podem trazer problemas para a máquina pública.

A reportagem afirma que há uma "tendência preocupante de que a burocracia federal seja inchada com nomeações políticas" em torno da riqueza que o pré-sal pode gerar para o governo. "Felizmente o Brasil tem um poder judiciário ferozmente independente, assim como a mídia. Mas Dilma precisa assumir claramente o compromisso de limpar o governo".

O segundo desafio diz respeito ao papel do Estado na economia, o qual, segundo a matéria, cresceu especialmente durante o segundo mandato de Lula. "E não foi apenas por causa da crise econômica. O governo deliberadamente concedeu à Petrobras o monopólio sobre a exploração de novos campos de petróleo e usou a emissão de ações para aumentar sua participação na empresa", diz o texto.

Gastos de má qualidade por parte do governo também são preocupações apontadas pela reportagem no que diz respeito ao papel do setor público na economia. A Economist ressalta que, de um lado, há um progressivo aumento do déficit público e do outro, investimentos insuficientes em infraestrutura, saneamento, educação e inovação.


"O próximo governo deveria ter como objetivo eliminar o déficit orçamentário. Melhor ainda seria que fossem feitos esforços para reformar o sistema tributário e flexibilizar as leis trabalhistas que ainda atrasam a economia", afirma a matéria.

Dilma ainda deverá enfrentar seu terceiro desafio na política externa, de acordo com a revista britânica. "O ativismo de Lula trouxe benefícios ao Brasil. Porém, sua inclinação para os autocratas, como os irmãos Castro em Cuba, Hugo Chávez na Venezuela e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, danificou a reputação do país como uma força do bem."

Caberia ao Brasil, de acordo com a reportagem, usar de sua influência na América do Sul para impedir que lideranças como a de Chávez se perpetuassem caso algum destes governantes se recusasse a deixar o poder após uma derrota.

"O modo como a maioria desses problemas são perfeitamente administráveis mostra o quão longe o Brasil chegou. Se, e em que ritmo, o país conseguirá resolver todos eles dependerá das habilidades políticas de Dilma Roussef. E para que ela consiga autoridade suficiente para fazer o trabalho, é preciso deixar a sombra de Lula. E como último presente para o país, Lula deve deixá-la fazer isto."

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