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Economia da China cresce 5,2% no segundo trimestre, mas desafios persistem

Consumo desacelera para 4,8%, setor imobiliário enfrenta queda e analistas temem impacto das tarifas dos EUA, prevendo crescimento mais fraco no segundo semestre de 2025

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 15 de julho de 2025 às 06h36.

Última atualização em 15 de julho de 2025 às 07h22.

A economia da China cresceu 5,2% no segundo trimestre de 2025 em relação ao ano anterior, resultado ligeiramente acima das previsões. Mas analistas alertam que a fraca demanda interna e o risco crescente de novas tensões comerciais podem enfraquecer o desempenho do país no restante do ano.

De acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas, o crescimento desacelerou em relação aos 5,4% registrados no primeiro trimestre, mas superou a projeção de 5,1% indicada em uma pesquisa da Reuters. Neste trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,1% entre abril e junho, também acima da expectativa de 0,9%.

Apesar do resultado acima do previsto, a reportagem detalha que ainda há sinais fragilidade. Os dados mostraram que, embora a produção industrial tenha subido 6,8% em junho — ritmo mais rápido desde março —, o crescimento das vendas no varejo perdeu força, caindo para 4,8%, o menor nível desde o início do ano.

“Apesar de um primeiro semestre forte, as perspectivas tendem a piorar no segundo semestre, à medida que o efeito da antecipação de exportações desaparece e o impacto das tarifas dos EUA se torna mais visível”, afirmou Wei Yao, economista do Société Générale, à Reuters. Para ela, “a nova fraqueza nos preços dos imóveis e o esgotamento do impacto dos subsídios também lançam dúvidas sobre a sustentabilidade da recuperação do consumo.”

Setor imobiliário e varejo ainda impactam o crescimento da China

O setor imobiliário continua como um dos principais problemas para o crescimento do país. Nos primeiros seis meses do ano, o investimento na construção civil caiu de forma acentuada, enquanto os preços de novos imóveis em junho registraram a maior queda mensal em oito meses. Diante deste fato, autoridades chinesas prometeram acelerar projetos de renovação urbana e implementar um novo modelo para o mercado imobiliário.

Paralelamente, o governo afirma já ter adotado medidas de estímulo, como aumento dos gastos em infraestrutura, subsídios ao consumo e cortes nas taxas de juros como contenção das tarifas de Donald Trump.

 Ainda assim, investidores aguardam novos anúncios na reunião do Politburo prevista para o fim de julho, que deve definir o rumo da política econômica para o segundo semestre.

Apesar dos esforços, as projeções indicam uma trajetória mais lenta. Uma pesquisa da Reuters aponta que o crescimento do PIB pode cair para 4,5% no terceiro trimestre e para 4,0% no quarto. A expectativa para 2025 também foi revisada para baixo, devendo ficar em 4,6%, abaixo da meta oficial de cerca de 5%, com uma possível desaceleração adicional em 2026.

“O crescimento no terceiro trimestre está em risco sem um estímulo fiscal mais forte. Tanto consumidores quanto empresas estão mais cautelosos, enquanto exportadores buscam cada vez mais crescimento no exterior”, concluiu Dan Wang, diretora para a China no Eurasia Group,

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