Tiktok: autoridades egípcias lançaram neste fim de semana uma campanha de prisões contra criadores de conteúdo na plataforma TikTok (Matt Cardy/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 3 de agosto de 2025 às 10h19.
Cairo, 3 ago (EFE).– As autoridades egípcias lançaram neste fim de semana uma campanha de prisões contra criadores de conteúdo na plataforma TikTok após várias denúncias por “violar a moral pública”, informou neste domingo, 3, o governo egípcio.
O influenciador mais popular a ser preso foi ‘Shaker’, na madrugada deste domingo, conhecido no país dos faraós como o “Dom Juan do TikTok”, com cerca de 5 milhões de seguidores na rede social, informaram meios de comunicação locais, que indicaram que ele foi detido enquanto estava em uma cafeteria no bairro de classe alta New Cairo.
O Ministério do Interior confirmou que sua detenção ocorreu “após o recebimento de várias denúncias” por publicar “vídeos em redes sociais que violam os valores e princípios familiares”.
O indivíduo foi “preso em posse de uma droga sem licença, acompanhado de seu agente comercial, sendo encontrados com uma quantidade de entorpecentes do tipo haxixe-ice. Durante o interrogatório, confessaram que possuíam as drogas para consumo pessoal e que publicavam os vídeos mencionados na página do primeiro nas redes sociais para aumentar a audiência e obter ganhos financeiros”.
Também hoje foi presa a influenciadora Qamar al Wekala, que, segundo o Ministério do Interior, publicava clipes que continham “linguagem ofensiva e violavam a moral pública, além de fazer uso indevido das plataformas de redes sociais”.
Essas são as mesmas acusações pelas quais foram detidos a popular Suzy al Ordoneya e Madahem, este último detido “por publicar vídeos nas redes sociais com linguagem indecente, o que constitui uma flagrante violação da moral pública”, sendo encontrado também com “quantias em dinheiro nas moedas local e estrangeira, artigos de ouro e uma quantidade de entorpecentes do tipo haxixe e ópio”.
Segundo o deputado egípcio Ahmed Badawi, também membro do Comitê de Telecomunicações da Câmara dos Representantes, foi dado à plataforma um prazo de três meses para adequar seu conteúdo às normas sociais e morais egípcias.
A popular apresentadora egípcia Lamees al Hadidi afirmou em sua conta oficial no X que o TikTok se tornou no Egito “uma espécie de invasão econômica”, pois “de repente está por toda parte nas ruas” e é algo “fácil que gera dinheiro em vez de trabalhar em um emprego de verdade”.
Cada vez mais jovens no Egito utilizam a plataforma, especialmente sua versão ao vivo, para receber presentes em forma de compensação financeira.
A controvérsia com o TikTok se intensificou recentemente após a divulgação de um vídeo viral no qual uma tiktoker afirmava ser filha secreta do falecido presidente Hosni Mubarak com uma ex-cantora pop, além de alegar a existência de uma rede de tráfico de órgãos humanos operando no país dos faraós, envolvendo diversas personalidades do mundo do entretenimento.
Não é a primeira vez que ocorrem prisões no Egito por uso do TikTok, em casos que as autoridades consideram como “uso indevido” da rede.
Em 2020, duas influenciadoras foram presas por “atacar os valores da sociedade” em vídeos na internet, depois de publicarem um clipe explicando como as mulheres poderiam ganhar dinheiro compartilhando vídeos na plataforma de criação de vídeos ‘Likee’, o que as autoridades interpretaram como promoção da venda de sexo ‘online’.
Na época, a Anistia Internacional considerou que as jovens estavam sendo punidas por sua forma de dançar, falar, vestir-se e tentar influenciar o público nas redes sociais, visto que as prisões de pelo menos dez mulheres ocorreram após denúncias feitas principalmente por criadores de conteúdo homens, supostamente indignados com seu comportamento, e após investigações da Direção de Moralidade do Ministério do Interior. EFE