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Eleições na Polônia têm disputa entre admirador de Trump e defensor da União Europeia

Eleição presidencial reflete tensões entre laços com a União Europeia e as influências externas, como Donald Trump

O prefeito de Varsóvia e membro do partido da Coalizão Cívica, Rafal Trzaskowski, tira selfies com seus apoiadores  (Wojtek Radwanski/AFP)

O prefeito de Varsóvia e membro do partido da Coalizão Cívica, Rafal Trzaskowski, tira selfies com seus apoiadores (Wojtek Radwanski/AFP)

Publicado em 18 de maio de 2025 às 06h03.

Os poloneses comparecem às urnas no domingo, 18, para o primeiro turno das eleições presidenciais, marcadas pelo confronto entre um candidato pró-Europa convicto e um nacionalista admirador de Donald Trump.

A campanha foi dominada  por questões de política internacional e sobre o espaço que Varsóvia deve ocupar entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, cuja aliança parece cada vez mais turbulenta no segundo mandato de Donald Trump.

"Foi uma espécie de campanha identitária, com questões vinculadas à Ucrânia, as relações com a União Europeia, a migração e os Estados Unidos", disse à AFP Marcin Zaborowski, do centro de estudos Globsec.

A Polônia tem os dois cargos de comando, um presidente, que será eleito neste domingo, e um primeiro-ministro. O presidente tem poder para definir a política externa, nomear juízes e vetar leis aprovadas pelo Parlamento, enquanto o premiê toca o dia a dia do Executivo, chefia os ministros, propõe leis e executa o Orçamento, entre outras medidas.

Desde o retorno ao poder do primeiro-ministro Donald Tusk em 2023, a Polônia aproximou sua postura de Bruxelas e deixou para trás os anos de tensões e disputas do anterior governo nacionalista.

Agora, o quinto país mais populoso da UE é um ator de peso dentro do bloco e um fator crucial no flanco anti-Rússia, como demonstrou a visita de Tusk a Kiev ao lado dos governantes da França, Alemanha e Reino Unido na semana passada.

As pesquisas apontam o favoritismo do candidato da Coalizão Cívica (PO) de Tusk e prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, que perdeu a eleição presidencial de 2020 para o nacionalista Andrzej Duda, atual presidente.

Com 32,6% das intenções de voto, Trzaskowski enfrentará no segundo turno, exceto uma grande surpresa, o historiador Karol Nawrocki (26,4%), apoiado pela oposição nacionalista do Lei e Justiça (PiS).

Governo paralisado

Uma vitória do prefeito da capital, de 53 anos, pode revigorar a coalizão de centro-direita liberal que assumiu o poder em 2023 no país, também crucial no flanco leste da Otan.

Um eventual triunfo de Nawrocki, de 42 anos, manteria as divergências entre a presidência e o governo, que deixa a ação política virtualmente paralisada.

O principal desafio das eleições é "desbloquear a eficácia e a capacidade de tomar decisões do governo que continuam travadas pelo presidente" Duda, aliado da oposição nacionalista, declarou Zaborowski.

Segundo a Constituição, o presidente dispõe de poderes limitados, mas tem direito de veto sobre as iniciativas legislativas e Duda não hesitou em utilizar a prerrogativa.

O cenário provocou o não cumprimento ou a concretização apenas parcial de algumas promessas da coalizão de governo, em particular as que envolvem os direitos das mulheres e o aborto, praticamente proibido na Polônia.

"Com Nawrocki, o governo ficaria, na prática, paralisado e isso poderia levar à queda da coalizão no poder e ao retorno dos populistas", disse a cientista política Anna Materska-Sosnowska.

Por isso, esta eleição é fundamental não apenas para a Polônia, "mas também para as tentativas de frear a tendência antidemocrática, populista que atravessa a Europa".

A votação na Polônia coincide com o segundo turno das eleições na Romênia, nas quais um candidato nacionalista, eurocético e admirador de Trump, George Simion, é o grande favorito.

Nawrocki também se declara admirador do presidente americano, com quem se reuniu na Casa Branca duas semanas antes das eleições, o que rendeu acusações de interferência.

O historiador nacionalista está "claramente vinculado ao pensamento e atitude promovidos por Donald Trump", apontou Wojciech Przybylski, diretor da fundação Res Publica.

Do outro lado, a coalizão pró-europeia no poder "tenta ao menos contra-atacar o presidente americano e operar em um novo paradigma, onde a segurança não é baseada apenas nos laços transatlânticos".

Com AFP.

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