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Eleições no Japão: resultados preliminares indicam revés eleitoral para primeiro-ministro

Coalizão do premiê Ishiba sofre novo revés no Senado e amplia risco de renúncia em meio à crise econômica e ascensão populista

Eleições: derrota no Senado intensifica pressão por renúncia (Franck ROBICHON/AFP)

Eleições: derrota no Senado intensifica pressão por renúncia (Franck ROBICHON/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 20 de julho de 2025 às 16h12.

Os primeiros resultados das eleições ao Senado no Japão apontam neste domingo (20) para um novo revés da coalizão do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que pode deixar o cargo em meio à pressão da inflação e ao crescimento do populismo de direita anti-imigração.

Aos 68 anos, Ishiba lidera um governo minoritário desde outubro, depois de ter conduzido seu grupo conservador, o Partido Liberal Democrata (PLD), a uma derrota expressiva nas eleições para a câmara baixa do Parlamento.

Nas eleições deste domingo, estavam em disputa 125 dos 248 assentos da câmara alta. A coalizão governista precisava conquistar 50 cadeiras para manter a maioria, mas a aliança entre o PLD e o partido aliado Komeito obteve apenas 41, segundo projeções da Nippon TV e da TBS baseadas em pesquisas de boca de urna.

Trata-se de mais um golpe para Ishiba, que havia convocado eleições gerais antecipadas em outubro na esperança de consolidar seu poder, apenas um mês após se eleger primeiro-ministro. Na ocasião, o PLD obteve seu pior resultado em 15 anos e a coalizão perdeu a maioria absoluta na câmara baixa, passando a depender de negociações com a oposição.

Nos últimos dias, pesquisas de opinião já apontavam para uma possível derrota do governo no Senado, em meio à insatisfação da população com o aumento dos preços, especialmente do arroz.

"Ishiba pode ser obrigado a renunciar", afirmou Toru Yoshida, professor de ciência política da Universidade Doshisha. O Japão pode "entrar em uma dimensão desconhecida, com o governo em minoria tanto na câmara baixa quanto na alta — algo inédito desde a Segunda Guerra Mundial", alertou.

Atsushi Matsuura, um eleitor de 54 anos, afirmou: "Os preços dos produtos básicos estão subindo, mas o que mais me preocupa é que os salários não aumentam."

Outra eleitora, Hisayo Kojima, de 65 anos, expressou frustração com o valor da sua aposentadoria, que, segundo ela, "está cada vez mais baixo". "Pagamos muito para sustentar o sistema previdenciário. Para mim, esse é o tema mais urgente."

O Partido Liberal Democrata, de centro-direita, governa o Japão quase sem interrupções desde 1955.

O governo também sofre com o desgaste causado por um escândalo de financiamento envolvendo o PLD e pela ameaça das tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos, que estão previstas para entrar em vigor em 1º de agosto caso não haja acordo com Washington.

A indústria automobilística japonesa, responsável por 8% dos empregos no país, já enfrenta tarifas elevadas.

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