Mundo

EUA à beira da estagflação: tarifas e salários pressionam preços, aponta Apollo

Economista alerta que política de deportações em massa e tarifas de Trump devem impulsionar inflação e frear o crescimento nos EUA

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 21 de julho de 2025 às 06h27.

O pior ainda está por vir. Segundo Torsten Sløk, economista-chefe da Apollo Global Management, o impacto mais severo da guerra comercial promovida por Donald Trump será sentido até o final deste ano. Os preços, de acordo com o especialista, devem continuar subindo até que a inflação atinja o pico entre novembro e dezembro.

Em entrevista à Bloomberg, destacada por uma reportagem do Business Insider, Sløk revelou que as projeções consensuais do mercado apontam para uma aceleração inflacionária nos últimos meses do ano. Ele observou que a inflação já começou a avançar no setor de bens de consumo, com o índice de preços ao consumidor para bens duráveis subindo 0,7% em junho na comparação anual — a segunda alta seguida após dois anos de quedas. O índice cheio também avançou, de 2,4% para 2,7%.

Deportações pressionam salários

Sløk acredita que a inflação de serviços, que representa cerca de 60% do índice de preços ao consumidor, também deve acelerar em breve. Ele apontou que as deportações em massa promovidas por Trump estão pressionando os salários, aumentando os custos trabalhistas para as empresas e, consequentemente, os preços finais.

“O Fed ainda precisa esperar para ver o pico. E estamos apenas na fase de decolagem”, disse Sløk sobre a postura do Federal Reserve diante do cenário inflacionário, em meio a uma briga direta com Trump.

Juros altos e estagflação representam os principais riscos

Na avaliação do economista, uma inflação mais persistente pode gerar dois efeitos negativos:

  • Juros mais altos por mais tempo. O Fed deve adiar cortes de juros até que consiga mensurar o impacto total das tarifas sobre a inflação.
  • Risco de estagflação. Sløk acredita que os EUA já começaram a sentir os primeiros sinais de uma combinação perigosa de inflação elevada com desaceleração do crescimento econômico. Nesse cenário, o Fed fica sem espaço para estimular a economia sem piorar a inflação.

Em um relatório recente, o economista estimou que o crescimento do PIB dos EUA pode cair para menos da metade do registrado em 2024. A inflação deve permanecer em torno de 3% ao longo de 2025, enquanto a taxa de desemprego tende a subir nos próximos dois anos, caso o nível atual de tarifas se mantenha.

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoEstados Unidos (EUA)Tarifas

Mais de Mundo

Primeiro-ministro japonês promete permanecer no cargo apesar da derrota eleitoral

'Make Japão great again': partido inspirado em Trump cresce no país

Eleições no Japão: resultados preliminares indicam revés eleitoral para primeiro-ministro

Pesquisa mostra queda no apoio dos americanos às deportações promovidas por Trump