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EUA anuncia acordo bilionário para geração de energia nuclear para a IA

Em parceria com a empresa canadense Westinghouse Electric, governo dos EUA inicia plano ambicioso para atender a demanda energética de data centers

Energia nuclear: maior demanda energética faz empresas e governos investirem em reatores

Energia nuclear: maior demanda energética faz empresas e governos investirem em reatores

Paloma Lazzaro
Paloma Lazzaro

Estagiária de jornalismo

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 21h02.

O governo dos Estados Unidos fechou uma parceria de US$ 80 bilhões com a empresa canadense Westinghouse Electric nesta terça-feira, 28. O plano é o mais ambicioso das últimas quatro décadas e vem em resposta ao aumento da demanda energética dos EUA, ocasionado pela expansão de data centers de Inteligência Artificial no país. As informações são da agência de notícia Reuters.

Desde sua campanha em 2024, o presidente Donald Trump busca aumentar o uso de combustíveis fósseis e energia para maximizar a produtividade energética do país. O investimento de US$ 80 bilhões em reatores nucleares materializa essa agenda.

Detalhes do acordo

O acordo é uma parceria público-privada, na qual o financiamento e licenciamento dos reatores da Westinghouse serão feitos pelo governo dos EUA. Em troca, 20% dos lucros futuros das empresas detentoras da Westinghouse Electric, a Cameco e a Brookfield Asset Management, serão destinados ao Estado. No entanto, o governo apenas poderá ter participação no faturamento após as empresas conseguirem lucrar US$ 17,5 bilhões.

Se o valor da Westinghouse em si ultrapassar US$ 30 bilhões, o governo dos EUA pode exigir uma oferta pública inicial até 2029, disseram as empresas à Reuters.

Investimento japonês

Durante viagem na Ásia, Donald Trump angariou US$ 332 bilhões em investimentos japoneses para a infraestrutura energética norte-americana, segundo comunicado da Casa Branca desta terça-feira, 28, sobre o acordo comercial.

A construção dos reatores da Westinhouse faz parte desse conjunto de investimentos. As empresas japonesas Mitsubishi Heavy Industries, Toshiba e IHI podem contrinbuir em até US$ 100 bilhões a essas construções.

Demanda energética

De acordo com a Agência Internacional de Energia, com o crescimento da inteligência artificial, os data centers norte-americanos devem consumir até 130% mais energia até 2030 do que os níveis atuais.

A solução encontrada por muitas empresas é recorrer às energias nucleares. Neste ano, diversas empresas, como a Meta, anunciaram aquisições de plantas nucleares e pequenos reatores.

A dona do Facebook acordou em junho a compra de uma usina em Illinois, nos EUA, por 20 anos, iniciativa que deve alimentar os projetos de inteligência artificial. O contrato foi firmado com a Constellation Energy, companhia que opera reatores nucleares, e entra em operação a partir de junho de 2027.

A Amazon anunciou no ano passado a aposta em energia nucleares com foco em IA e sistemas de nuvem. A gigante varejista assinou três contratos de pequenos reatores modulares, em montantes que superam os R$ 2,8 bilhões. A companhia ainda passou a colaborar com a Energy Northwest para desenvolver quatro pequenos reatores, um saldo de 5 GW em energia nuclear.

O Google seguiu na mesma linha: em outubro de 2024, firmou um acordo com a Kairos Power, empresa apoiada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, para o abastecimento dos data centers. Na época, o diretor-sênior de energia e clima do Google afirmou que a utilização dessa energia é a única forma de entregar o processo da IA sem interromper o crescimento sustentável a partir de energias limpar.

Nesta segunda-feira, 27, o Google fechou outro acordo, dessa vez com a NextEra Energy, uma das maiores empresas de energia elétrica dos Estados Unidos. O plano irá reativar a  usina nuclear Duane Arnold Energy Center, em Iowa, destinada principalmente a abastecer data centers do Google, segundo comunicado divulgado.

Retomada de liderança americana

De acordo com o relatório World Nuclear Industry Status Report 2025, os Estados Unidos seguem como líderes no setor de energia nuclear em capacidade instalada em operação. A hegemonia, porém, não é absoluta, uma vez que a China lidera em projetos em construção.

Hoje, dos 63 projetos em obras no mundo, 32 estão localizados na China, que sozinha responde por mais da metade da nova capacidade prevista para os próximos anos. A aposta mostra o investimento pesado do país em energia nuclear, buscando ampliar a segurança energética e reduzir sua dependência do carvão.

O novo projeto multibilionário do governo Trump pode reverter esse cenário.

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