EUA e Rússia: plano secreto de paz articulado entre países exclui Kiev das negociações. (Gavriil Grigorov, Drew Angerer / Getty Images North America / Pool //AFP)
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 08h41.
Representantes dos Estados Unidos e da Rússia podem estar discutindo em sigilo um plano de paz com 28 pontos para encerrar a guerra na Ucrânia.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 19, pelo portal norte-americano Axios. As conversas ocorrem sem envolvimento direto do governo ucraniano ou de seus aliados europeus.
O acordo estaria sendo conduzido por Steve Witkoff, enviado especial do presidente Donald Trump para Rússia e Oriente Médio, e Kirill Dmitriev, representante do Kremlin e diretor do fundo soberano russo.
Segundo a reportagem, o plano também aborda garantias de segurança na Europa e o futuro das relações diplomáticas entre Washington, Moscou e Kiev.
A iniciativa é inspirada, segundo fontes norte-americanas, no modelo usado por Trump nas negociações de cessar-fogo em Gaza. De acordo com o site, ainda não está claro como o plano trata os pontos mais sensíveis do conflito, como a ocupação russa em territórios do leste ucraniano. Moscou exige controle sobre áreas que ainda não domina totalmente.
De acordo com Dmitriev, o plano retoma princípios discutidos por Trump e Vladimir Putin em um encontro realizado no Alasca, em agosto. O objetivo seria produzir um documento com diretrizes para resolver o conflito ucraniano e, ao mesmo tempo, restaurar a segurança europeia e reconstruir as relações bilaterais EUA-Rússia.
Embora Witkoff tivesse agendado uma reunião com o presidente Volodymyr Zelensky nesta quarta-feira, em Istambul, a viagem foi adiada. Ainda assim, ele se encontrou nos últimos dias em Miami com Rustem Umerov, conselheiro de segurança nacional da Ucrânia e líder da delegação ucraniana nas tratativas com Moscou.
Uma autoridade ucraniana ouvida pelo Axios confirmou que Kiev tem ciência do plano em elaboração. “Sabemos que os americanos estão trabalhando em algo”, disse. “O presidente (Zelensky) tem sido claro: é hora de parar a matança e encontrar um acordo.” A Casa Branca também sinalizou que, com boa vontade das partes, há chance real de encerrar a guerra.
O Kremlin se recusou a comentar o conteúdo da reportagem, limitando-se a afirmar que “não há nada novo a acrescentar”. Segundo o Axios, o plano seria apresentado formalmente a europeus e ucranianos nos próximos dias, e deve sofrer ajustes com base nas reações recebidas.
Uma eventual reunião entre Trump e Putin, para oficializar o texto, estaria sendo considerada, mas ainda sem data definida. Dmitriev afirmou que o plano americano se diferencia de outras propostas recentes — como as lideradas pelo Reino Unido — por incluir as demandas da Rússia. “Estamos vendo que, desta vez, nossa posição está sendo ouvida”, declarou.
As negociações ocorrem em meio à crescente pressão militar russa em campo e a dúvidas sobre o futuro da ajuda ocidental à Ucrânia.
*Com informações da EFE e AFP