Profissionais cubanos do programa Mais Médicos participam de palestra na Bahia, em imagem de arquivo (Manu Dias/GOVBA)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 18h16.
Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 19h17.
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 13, que revogará vistos americanos de funcionários públicos e autoridades brasileiras que trabalharam com o programa Mais Médicos.
Segundo um comunicado, foram retirados os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, que foi diretor de Relações Internacionais da pasta.
Kleiman atualmente é coordenador para a COP30 na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental, formada por oito países amazônicos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Com isso, os dois não poderão mais viajar aos Estados Unidos.
De acordo com o governo americano, os dois "desempenharam um papel no planejamento e na implementação do programa. Nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que viabilizam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano", diz a nota do governo.
"Hoje, o Departamento de Estado tomou medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e seus familiares por sua cumplicidade com o esquema de exportação de mão de obra do regime cubano no programa Mais Médicos", diz o comunicado.
"Esses funcionários foram responsáveis ou envolvidos na cumplicidade do esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos cubanos por meio de trabalho forçado. Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais", prossegue a nota.
"Como parte do programa Mais Médicos do Brasil, esses funcionários usaram a OPAS como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos trabalhadores médicos cubanos. Dezenas de médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa", diz o comunicado.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, é descendente de cubanos que deixaram o país e tem tomado medidas para pressionar o governo da ilha, comandado por uma ditadura desde os anos 1960.
O Mais Médicos foi um programa lançado em 2013 pelo governo da presidente Dilma Rousseff, para levar profissionais de saúde a regiões remotas do país.
A iniciativa recebeu médicos vindos de Cuba, país que tem tradição em ensino de medicina, mas foi alvo de muitas críticas na época, pois o governo brasileiro pagava os salários deles ao governo de Cuba, e não aos profissionais. O programa chegou a receber mais de 18 mil médicos até ser encerrado pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2019.
Além do anúncio de hoje, em julho, o governo americano anunciou a suspensão do visto americano do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), seus familiares e "aliados" na corte. A lista completa de atingidos não foi divulgada oficialmente.
A medida foi adotada após o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros aliados do ex-presidente terem feito uma campanha em Washington em busca de sanções contra o ministro.
Na ocasião, Rubio disse considerar que o STF realiza uma "caça às bruxas política" contra o ex-presidente Bolsonaro e alegou que o tribunal viola direitos fundamentais não apenas dos brasileiros, mas também dos cidadãos americanos.
Desde o governo Bolsonaro (2019-2022), Moraes tornou-se um dos principais opositores do ex-presidente e seus aliados. Ele foi o responsável por relatar os principais inquéritos que investigaram bolsonaristas por tentativa de golpe de Estado e presidiu o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições presidenciais de 2022, vencidas por Lula (PT).