Mundo

EUA suspende restrições à exportação de tecnologia para a China em acordo comercial, diz jornal

Decisão também pretende apoiar as tentativas do presidente Donald Trump de garantir um encontro com o presidente Xi Jinping ainda neste ano

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 28 de julho de 2025 às 08h03.

Tudo sobreEstados Unidos (EUA)
Saiba mais

Os Estados Unidos suspenderam restrições à exportação de produtos de tecnologia para a China como parte de esforços para avançar em um acordo comercial entre os dois países. A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times (FT).

De acordo com a publicação, feita nesta segunda-feira, 28, a decisão busca também apoiar as tentativas do presidente Donald Trump de garantir um encontro com o presidente Xi Jinping ainda neste ano. O Departamento de Comércio, responsável por supervisionar os controles de exportação, recebeu instruções nos últimos meses para evitar medidas mais rígidas contra a China.

No atual mandato, Trump havia restringido exportações de tecnologia para o mercado chinês. Entre as medidas, o governo chegou a informar à Nvidia que bloqueia a exportação do chip H20, projetado para a China, após a gestão Biden ter limitado chips mais avançados.

Segundo o Financial Times, Trump voltou atrás após conversas com o CEO da Nvidia, Jensen Huang. Neste mês, a empresa anunciou a retomada das vendas do H20 para clientes chineses.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, declarou que a retomada faz parte das negociações bilaterais que incluem a pauta de terras raras e ímãs.

O jornal ainda relatou que um grupo de 20 especialistas em segurança e ex-funcionários, entre eles o ex-vice-conselheiro de segurança nacional Matt Pottinger, planeja expressar preocupação com a medida nesta segunda-feira, 28. “Essa medida representa um erro estratégico que coloca em risco a vantagem econômica e militar dos Estados Unidos na área de inteligência artificial”, escreveram eles em carta obtida pelo Financial Times.

Trégua tarifária por mais 90 dias

Os Estados Unidos e a China decidiram prorrogar a trégua tarifária por mais 90 dias, segundo o jornal chinês South China Morning Post. Fontes ouvidas pelo veículo afirmaram neste domingo, 27, que a medida deverá ser oficializada durante a terceira rodada de negociações comerciais entre as duas nações, prevista para esta segunda-feira, 28, em Estocolmo, na Suécia.

De acordo com uma das fontes, Washington e Pequim se comprometerão a não implementar tarifas adicionais ou adotar outras medidas que possam intensificar a guerra comercial.

Três pessoas próximas ao governo chinês informaram que a delegação pressionará a equipe comercial de Trump sobre tarifas vinculadas ao fentanil. Em março, Trump aplicou uma taxa adicional de 20% sobre as importações chinesas, alegando que o país não havia contido o tráfico da droga para os EUA.

Ainda segundo uma dessas fontes, a China pode aceitar uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações desde que as taxas adicionais sejam suspensas.

Durante agenda na Escócia com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump disse a jornalistas: “Estamos muito perto de um acordo com a China. Realmente fizemos um acordo com a China, mas vamos ver como isso vai acontecer”.

Acordos anteriores e guerra tarifária

Em 12 de maio, Estados Unidos e China haviam concordado em reduzir temporariamente as chamadas “tarifas recíprocas” por um período de 90 dias. Com isso, as tarifas americanas sobre importações chinesas foram reduzidas de 145% para 30%, enquanto as taxas da China sobre produtos americanos caíram de 125% para 10%.

Duas semanas depois, Trump acusou a China de violar o entendimento em publicação na Truth Social: “A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO”.

A embaixada chinesa em Washington respondeu com um comunicado pedindo o fim das “restrições discriminatórias” contra Pequim e a manutenção do consenso alcançado nas negociações de alto nível em Genebra. “Desde as negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA em Genebra, ambos os lados têm mantido comunicação sobre suas respectivas preocupações nos campos econômico e comercial em várias ocasiões bilaterais e multilaterais em vários níveis”, afirmou o porta-voz Liu Pengyu.

A chamada guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou a partir do início de abril, quando Trump anunciou novas tarifas sobre produtos chineses, que chegaram a 34% e se somaram a uma taxa de 20% já existente.

O governo chinês retaliou em 4 de abril, elevando tarifas sobre importações americanas para 34%. Em seguida, Trump ameaçou aumentar as taxas em mais 50 pontos percentuais caso a China não recuasse, o que levaria a alíquota total a 104%.

A China manteve a resposta e elevou, em 9 de abril, as tarifas para 84%. No mesmo dia, Trump anunciou uma “pausa” nas tarifas contra outros países, mantendo a China como exceção e subindo a taxação para 125%. Em 10 de abril, a Casa Branca esclareceu que essa taxa se somava aos 20% já existentes, totalizando 145%.

No dia 11 de abril, Pequim elevou as tarifas sobre os produtos americanos para 125%, mantendo o impasse comercial.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Tarifas

Mais de Mundo

EUA pede que governo do Camboja reduza tensão com Tailândia 'imediatamente'

Trump afirma que situação em Gaza é um 'desastre' e enaltece ajuda dos EUA

'Fome nunca deve ser usada como arma de guerra', afirma chefe da ONU

Três pessoas morrem após descarrilhamento de trem de passageiros na Alemanha