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EUA usam rastreadores em remessas de chips de IA para evitar desvios à China, diz agência

Medida atinge embarques de servidores com componentes da Nvidia e AMD; ação visa coibir violações de controles de exportação

Chip da Nvidia: autoridades americanas estariam utilizando rastreadores para impedir remessas ilegais para a China (VCG/VCG/Getty Images)

Chip da Nvidia: autoridades americanas estariam utilizando rastreadores para impedir remessas ilegais para a China (VCG/VCG/Getty Images)

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 08h05.

As autoridades dos Estados Unidos têm instalado, de forma sigilosa, rastreadores em remessas de chips avançados de inteligência artificial considerados de alto risco de desvio ilegal para a China, segundo informações da agência Reuters.

O objetivo seria identificar cargas que possam ser redirecionadas para destinos sob restrições comerciais e, assim, reunir provas contra pessoas e empresas que lucram com a violação das regras de exportação.

Fontes ouvidas pela agência afirmam que o uso de rastreadores não é novidade para as autoridades norte-americanas, sendo adotado há décadas em casos envolvendo produtos sensíveis, como peças de aeronaves. Nos últimos anos, o método também passou a ser empregado para combater o desvio ilegal de semicondutores.

Fornecedores da cadeia de IA

Pessoas ligadas à cadeia de fornecimento de servidores de IA afirmam ter conhecimento do uso desses dispositivos em envios de fabricantes como Dell e Super Micro, que incorporam chips de empresas como Nvidia e AMD. Em alguns casos, os rastreadores são escondidos dentro das embalagens ou até mesmo no interior dos servidores.

Fontes da própria rede de desvio de remessas afirmam que já adotam procedimentos para inspecionar cargas suspeitas de conter dispositivos de rastreamento.

Em um caso recente, que resultou na prisão de dois cidadãos chineses, mensagens obtidas pelo Departamento de Justiça dos EUA mostraram um dos envolvidos instruindo o comparsa a inspecionar cuidadosamente servidores Quanta H200 com chips Nvidia para localizar possíveis rastreadores.

Segundo informações da agência, órgãos como o Departamento de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio, o Setor de Investigações de Segurança Interna e o FBI podem estar envolvidos nessas operações.

Restrição de exportações

O governo dos EUA tem limitado a exportação de chips para inteligência artificial à China desde 2022, com o objetivo declarado de restringir sua modernização militar. Restrições semelhantes foram aplicadas à Rússia após a invasão da Ucrânia.

Recentemente, a Casa Branca e parlamentares norte-americanos propuseram tornar obrigatória a inclusão de tecnologia de verificação de localização nos chips, para evitar que sejam desviados para países sob restrição.

A proposta gerou reação de Pequim. No mês passado, o órgão regulador de segurança cibernética da China convocou a Nvidia para manifestar preocupação com a possibilidade de existirem formas de controle remoto dos chips, alegações que a empresa nega.

Em janeiro, a Reuters já havia noticiado que autoridades dos EUA identificaram redes de contrabando de chips de IA para a China via países como Malásia, Singapura e Emirados Árabes Unidos, mas não está claro se os rastreadores foram usados na operação.

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