Visto dos Estados Unidos: premissão de entrada em solo norte-americano envolve um processo longo e burocrático para diversos países (Uladzimir Zuyeu/Getty Images)
Repórter
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 14h35.
Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira, 4 de agosto, que passarão em breve a exigir caução de até US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) para determinados tipos de vistos de turismo e negócios.
De acordo com o comunicado do governo norte-americano, o novo programa piloto será implementado dentro de duas semanas para combater a prática de visitantes que permanecem além do permitido em solo americano. O Departamento de Estado detalhou que o teste terá duração de 12 meses e afetará os solicitantes dos vistos B-1, destinados a viagens de negócios temporárias, e B-2, que abrangem turismo, lazer e tratamentos médicos.
Os estrangeiros afetados serão oriundos de países com "altas taxas de permanência ilegal e onde as informações de triagem e verificação são consideradas deficientes".
O Departamento de Estado também explicou que publicará a lista dos países abrangidos por meio do site Travel.State.Gov com pelo menos 15 dias de antecedência. Essa lista pode sofrer alterações ao longo do programa piloto, com ajustes sendo feitos dentro de um período de 15 dias entre anúncio e execução.
A partir de 20 de agosto, os agentes consulares terão três opções de valores para exigir dos requerentes de visto: US$ 5.000, US$ 10.000 ou US$ 15.000. Mas, a expectativa é de que, em sua maioria, os agentes peçam um valor mínimo de US$ 10.000, segundo o governo dos EUA.
Em novembro de 2020, o Departamento de Segurança dos EUA havia tentado implementar uma versão desse programa, com o objetivo de afetar 24 países, incluindo Afeganistão, Irã e Síria. No entanto, o projeto não avançou por causa da queda global nas viagens causadas pela pandemia de Covid-19.
O Departamento de Estado também ressaltou que o programa faz parte da resposta à ordem executiva 14159, assinada pelo então presidente Donald Trump, com a finalidade de combater a "invasão" no território norte-americano.
Em abril deste ano, o governo dos Estados Unidos anunciou o lançamento dos "Gold Cards" (Cartões Dourados), um novo programa para investidores estrangeiros. O visto exige um investimento de US$ 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões) e pode ser um caminho para a obtenção da cidadania americana.
O presidente Donald Trump mencionou que o programa pretende atrair imigrantes dispostos a gerar empregos nos EUA. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, sugeriu que o "Gold Card" substituirá o programa EB-5, que atualmente permite que investidores estrangeiros solicitem residência permanente caso criem empregos ou realizem investimentos no país. Lutnick ainda afirmou que o EB-5 possui falhas, como fraudes, e permite a concessão de residência permanente a preços baixos.
Os interessados em solicitar o "Gold Card" devem acessar o site da Secretaria de Comércio dos EUA - lá, a análise será conduzida pelas autoridades americanas. Trump afirmou que o "Gold Card" terá mais privilégios do que o tradicional Green Card e será uma forma de alcançar a cidadania americana. O presidente também chegou a apresentar um protótipo do cartão, que traz sua imagem em frente à Estátua da Liberdade e à águia símbolo dos Estados Unidos.
O objetivo do programa é, segundo o governo, reduzir o déficit fiscal do país. Além disso, Trump destacou que o programa pode ajudar a atrair mão de obra qualificada, já que empresas americanas poderão adquirir vistos para trabalhadores estrangeiros especializados.
No entanto, essa iniciativa gerou controvérsias, especialmente na Europa, onde programas semelhantes foram suspensos ou restritos após preocupações com segurança interna e lavagem de dinheiro. Países como o Reino Unido, Portugal e Espanha interromperam ou limitaram seus programas de vistos dourados após recomendações da Comissão Europeia.
Quando questionado sobre a possibilidade de o "Gold Card" facilitar a entrada de oligarcas russos, Trump respondeu de forma afirmativa, acrescentando que conhecia alguns que eram "pessoas muito boas".