Mundo

Forças do governo do Iêmen entram em porto de Hodeida

Após uma semana de intensos combates, as unidades pró-governamentais conseguiram entrar nas zonas residenciais de Hodeida

Iêmen: pelo menos 250 combatentes morreram ao longo da última semana, dos quais 197 eram huthis (Abduljabbar Zeyad/Reuters)

Iêmen: pelo menos 250 combatentes morreram ao longo da última semana, dos quais 197 eram huthis (Abduljabbar Zeyad/Reuters)

A

AFP

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 14h27.

As forças pró-governamentais do Iêmen entraram nesta quinta-feira (8) em Hodeida, cidade portuária controlada pelos rebeldes huthis, em meio a combates que deixaram milhares de civis presos.

Após uma semana de intensos combates nos arredores de Hodeida, à margem do mar Vermelho (oeste), as unidades pró-governamentais ingressaram nas zonas residenciais.

Desde 2015, as forças leais ao presidente Abd Rabo Mansur Hadi, respaldadas pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, tentam expulsar os rebeldes, apoiados pelo Irã, dos vastos setores que conquistaram, entre eles Hodeida e a capital Sanaa.

A batalha de Hodeida já dura meses, mas se intensificou recentemente. A ONU e os Estados Unidos pressionam para que as negociações de paz sejam retomadas.

Segundo fontes médicas, pelo menos 250 combatentes morreram ao longo da última semana, dos quais 197 eram huthis e 53 milicianos das forças leais.

Trincheiras e minas

Nesta quinta, três fontes militares disseram à AFP que as forças governamentais se aproximavam do porto do sul por uma via costeira, vindos do leste.

Os combatentes, com armas automáticas e lança-foguetes, faziam o "V" da vitória a bordo de caminhonetes identificadas com a inscrição "Al Amaliga" ("Os gigantes", em árabe), nome de uma das milícias apoiadas pelos Emiratos Árabes Unidos.

Os rebeldes "nos darão a cidade pacificamente, ou tomaremos à força", afirmou um comandante desta milícia, Muamar al Saidi.

Os rebeldes cavaram trincheiras e colocaram minas nas ruas das periferias, para frear o avanço de seus adversários, indicou nesta quarta-feira uma fonte militar das forças leais.

Segundo as forças pró-governamentais, os huthis usaram franco-atiradores.

Na quarta-feira, o líder rebelde Abdel Malik al Huti, garantiu que os huthis "nunca" vão se render.

De acordo com fontes médicas, nas últimas 24 horas, pelo menos 47 rebeldes huthis e 11 combatentes pró-governo morreram.

Controlada pelos rebeldes desde 2014, a cidade continua sendo bombardeada intensamente.

Três quartos das importações e da ajuda internacional entram no país por esse porto. A cidade tem cerca de 600.000 habitantes, nos últimos meses uma parte dos civis fugiu.

"Militarização dos hospitais"

Diversas organizações humanitárias se preocupam com os civis.

A Anistia Internacional condenou os ataques aéreos da coalização pró-governo e acusou os huthis de recorrerem "deliberadamente à militarização dos hospitais" e de colocarem minas.

A ONG estava particularmente preocupada com o posicionamento de combatentes huthis no telhado de um hospital "cheio de civis feridos".

Os combates na quinta-feira também bloqueia qualquer possibilidade de fuga pelo sul, e os rebeldes "minaram outros caminhos para o exterior".

Trinta e cinco ONGs reivindicaram na quarta-feira uma "suspensão imediata das hostilidades" no Iêmen, onde, segundo eles, "14 milhões" de pessoas estão "ameaçadas pela fome".

Na quinta-feira, o presidente Mansur Hadi, exilado em Riad, nomeou um novo ministro da Defesa, Mohamed al Maqdishi, e um novo chefe de gabinete, Abdellah al Naji. Maqdishi substitui Mahmud al Subaihi, que está nas mãos dos rebeldes huthis na capital.

Segundo especialistas, a batalha de Hodeida coloca em risco as negociações de paz, que a ONU e Washington buscam restabelecer.

Acompanhe tudo sobre:IêmenPortos

Mais de Mundo

EUA dependem do Brasil para fazer carne moída, diz entidade americana que pede fim das tarifas

Justiça da Colômbia ordena libertação de Uribe enquanto decide sobre condenação

Venezuela diz que 'ameaças' dos EUA põem em risco estabilidade latino-americana

EUA aceita pedido de consultas do Brasil para negociar tarifaço de Trump na OMC