Mundo

França estreia novo governo com giro à direita

Novo governo conta com 39 membros, procedentes, principalmente, da aliança de centro-direita de Macron e do LR, que retorna ao poder 12 anos depois

Emmanuel Macron nomeou neste sábado seu novo governo com um giro à direita, para evitar uma moção de censura no Parlamento (Ludovic Marin/AFP)

Emmanuel Macron nomeou neste sábado seu novo governo com um giro à direita, para evitar uma moção de censura no Parlamento (Ludovic Marin/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 21 de setembro de 2024 às 17h44.

O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou neste sábado seu novo governo com um giro à direita, para evitar uma moção de censura no Parlamento, onde estará à mercê da líder da extrema direita Marine Le Pen.

Em meio a uma crise política, Macron nomeou no começo do mês como primeiro-ministro o veterano conservador Michel Barnier, que costurou em duas semanas uma coalizão com forças de centro e direita.

Macron escolheu Barnier para formar o governo por considerar que o ex-negociador europeu do Brexit, membro do partido conservador Os Repúblicanos (LR), poderia garantir uma maioria mais estável na dividida Assembleia Nacional (câmara baixa).

A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), no entanto, anunciou que vai apresentar uma moção de censura contra o governo Barnier, que poderá prosperar se a extrema direita votar a favor.

O novo governo conta com 39 membros, procedentes, principalmente, da aliança de centro-direita de Macron e do LR, que retorna ao poder 12 anos depois. Entre esses últimos está seu líder no Senado, Bruno Retailleau, que assumirá o Ministério do Interior, apesar do mal-estar que causa entre a esquerda e parte da aliança de Macron por sua linha dura em questões migratórias.

Macron também nomeou a polêmica senadora Laurence Garnier - que se opõe ao casamento igualitário e a blindar o aborto na Constituição - como secretária de Estado de Consumo.

Vários membros do último governo permaneceram em seus cargos - como Sébastien Lecornu (Defesa) e Rachida Dati (Cultura) -, ou mudaram de pasta, como Jean-Noël Barrot (chanceler), Catherine Vautrin (Territórios) e Agnès Pannier-Runacher (Ecologia).

O presidente francês, que compartilha o Poder Executivo com o governo, não precisa da aprovação do Parlamento para nomear o primeiro-ministro e os ministros. A única opção para se opor é aprovando uma moção de censura.

Pressão da extrema direita

A ameaça de censura do governo está presente. As últimas eleições legislativas, que Macron antecipou em junho, deixaram os três blocos principais - esquerda, extrema direita e centro-direita - distantes de formar a maioria.

A coalizão de esquerda vencedora, com 193 deputados, justifica a apresentação da moção de censura alegando que Macron se recusou a nomear como primeira-ministra a economista Lucie Castets, candidata da NFP.

"É um governo ilegítimo. Se a direita tivesse vencido, a direita teria governado", disse o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, enquanto milhares de pessoas se manifestavam no país para denunciar o "governo Macron-Barnier".

O presidente, de centro-direita, não quis nomear Lucie por causa da “estabilidade”, mas seu novo governo tampouco conseguiu a maioria de 289 deputados, após tentar atrair parte da esquerda.

A sobrevivência do governo Barnier depende, portanto, da extrema direita. Le Pen avisou que seu eventual apoio a uma moção de censura vai depender do discurso de política geral de Barnier, previsto para 1º de outubro.

O líder do partido de extrema direita de Le Pen, Jordan Bardella, alertou hoje que o governo “não tem futuro”, uma vez que, para ele, representa o retorno "do macronismo pela porta dos fundos".

Sua primeira prova de fogo será a apresentação dos orçamentos de 2025, especialmente quando a França não cumpre os limites de déficit e dívida públicos estabelecidos pelas normas europeias.

Acompanhe tudo sobre:FrançaEmmanuel Macron

Mais de Mundo

Guerrilheiro mais procurado da Colômbia afirma que não vai se render

Coreia do Norte testa mísseis antiaéreos em meio a exercícios militares dos EUA e da Coreia do Sul

Texas adota mapa eleitoral para preservar maioria legislativa de Trump, de olho nas eleições de 2026

Índia anuncia suspensão parcial de remessas postais aos EUA após mudança em tarifas