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Governo Lula critica plano de Israel de ocupar Gaza

Comunicado oficial diz que decisão de Israel vai agravar situação humanitária da população Palestina

Faixa de Gaza: Israel anunciou plano para ocupar região (BASHAR TALEB/AFP)

Faixa de Gaza: Israel anunciou plano para ocupar região (BASHAR TALEB/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de agosto de 2025 às 09h06.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou neste sábado, 9, em nota, que "deplora" o plano israelense de tomar o controle da Cidade de Gaza. Para o governo, a decisão deve "agravar a catastrófica situação humanitária" no território palestino.

"O governo brasileiro deplora a decisão do governo israelense de expandir as operações militares na Faixa de Gaza, incluindo nova incursão à Cidade de Gaza, medida que deverá agravar a catastrófica situação humanitária da população civil Palestina, assolada por cenário de mortes, deslocamento forçado, destruição e fome", declarou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

Na mesma nota, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pediu "a retirada completa e imediata das tropas israelenses" de Gaza e reiterou a urgência de um “cessar-fogo permanente, da libertação de todos os reféns e da entrada desimpedida de ajuda humanitária”.

Cerca de 20 países, incluindo Egito, Arábia Saudita e Turquia, afirmaram que o plano representa “uma flagrante violação do direito internacional e uma tentativa de consolidar a ocupação ilegal e impor um fato consumado (...) em violação ao direito internacional”.

Proposta de Israel para ocupar Gaza

Na madruga da última sexta-feira, o Gabinete de Segurança de Israel aprovou uma proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de tomar o controle gradual da densamente povoada Cidade de Gaza. A medida desconsiderou alerta das Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) de que a operação põe em risco a vida dos reféns ainda em cativeiro e vai causar a morte de ainda mais palestinos.

Na decisão, o Gabinete de Israel afirma que os palestinos terão até 7 de outubro para deixar a cidade — uma janela de dois meses que coincide com o aniversário de dois anos dos ataques do Hamas a Israel, em 2023. Depois desse período, será iniciada uma invasão por terra. A decisão atraiu fortes críticas da comunidade internacional, com o governo alemão anunciando que suspenderá, até novo aviso, a aprovação de exportações a Israel de equipamentos militares que possam ser usados na Faixa de Gaza.

Cerca de 800 mil palestinos — muitos dos quais já foram desalojados várias outras vezes no conflito de 22 meses — atualmente residem na Cidade de Gaza, localizada no norte do enclave. De acordo com uma autoridade ouvida pelo jornal The Times of Israel, o plano prevê o deslocamento dos civis para o sul, com o fornecimento de ajuda humanitária "fora das zonas de combate", até a data do aniversário do ataque.

As famílias dos reféns se opõem ao plano do governo, temendo que ele leve à morte de seus parentes. Na quinta-feira, israelenses contrários à decisão do governo bloquearam estradas e entraram em confronto com a polícia.

Para os civis palestinos, a possibilidade de Israel intensificar sua operação aumentou o temor de mais mortes e agravamento das já precárias condições de vida em Gaza.

O porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmud Basal, informou que 10 pessoas morreram no sábado no território palestino, oito delas por disparos do exército israelense perto de centros de ajuda humanitária.

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