Agência de Notícias
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 19h17.
O chefe de Gabinete do Governo da Argentina, Guillermo Francos, afirmou nesta quarta-feira que a denúncia por supostos subornos no âmbito da Agência Nacional de Deficiência (Andis) é uma “operação política” orquestrada por setores “populistas” em vista das eleições legislativas que se aproximam no país.
“Foi orquestrada uma operação política divulgando supostas gravações do ex-titular da Andis”, disse o chefe de Gabinete ao falar no plenário da Câmara dos Deputados para apresentar o relatório semestral de gestão do governo do presidente Javier Milei.
Franco atribuiu o estopim desse escândalo a um “modus operandi populista que aparece com mais força quando as eleições se aproximam”, em referência ao pleito legislativo na província de Buenos Aires em setembro e às eleições nacionais programadas para outubro.
O escândalo eclodiu no último dia 20, quando a imprensa local divulgou áudios atribuídos ao agora ex-diretor da Andis Diego Spagnuolo, que foi advogado de Milei.
As gravações descrevem um suposto esquema de suborno na compra estatal de medicamentos, cujo principal responsável seria o subsecretário de Gestão Institucional da Secretaria-Geral da Presidência, Eduardo Lule Menem, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem, e sobrinho do ex-presidente Carlos Menem e do ex-senador Eduardo Menem.
Nas gravações, também é feita alusão a Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, como possível destinatária de parte dos subornos que envolvem a empresa comercializadora de medicamentos Suizo Argentina.
“Responderemos a todas essas manobras com transparência e respeitando a divisão de poderes”, afirmou Francos.
Ele disse que o governo destituiu Spagnuolo do cargo e interveio na Andis “para garantir seu funcionamento correto e realizar uma auditoria profunda e os procedimentos administrativos correspondentes, com ênfase no sistema de compras e contratações”.
Além disso, Francos chamou a atenção para o fato de que as gravações foram divulgadas no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados rejeitou um veto de Milei a uma lei aprovada recentemente que declarava emergência em matéria de deficiência e obrigava o Estado a aumentar os fundos para a assistência a pessoas com deficiência.
Apesar de a administração pública ter superávit fiscal, Francos reiterou que a lei “implica o desdobramento de recursos econômicos dos quais o Estado não dispõe”.
“Tanto a aprovação de leis que exigem recursos que quebram o equilíbrio fiscal quanto a difamação de funcionários com acusações infundadas fazem parte de um mesmo padrão: a ação de um pequeno grupo de pessoas que, nesta nova Argentina, já não têm lugar”, afirmou.
Francos defendeu a decisão do governo de Milei de cancelar cerca de 100 mil pensões por invalidez porque os beneficiários ou familiares não compareceram para comprovar a condição especial.
Dezenas de pessoas têm reclamado nos últimos dias à Andis por terem sido excluídas das pensões sem aviso prévio ou por terem recebido um prazo curto para apresentar documentação.