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Governo Milei faz compras secretas de dólares para conter valorização do peso na Argentina, diz site

Com a entrada de US$ 7 bilhões em exportações agrícolas, governo tenta evitar pressão cambial às vésperas das eleições, segundo a Bloomberg

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 07h29.

Última atualização em 26 de setembro de 2025 às 07h33.

O Tesouro do governo de Javier Milei está realizando compras diretas de dólares no mercado à vista da Argentina para evitar que o peso se valorize além do esperado, segundo informações exclusivas da Bloomberg.

A compra acontece no momento em que grandes volumes de moeda estrangeira chegam ao país, impulsionados por um incentivo fiscal temporário que isenta exportadores de grãos de parte dos tributos sobre as vendas externas.

Fontes com conhecimento direto das operações afirmaram à Bloomberg que o banco central argentino tem atuado como intermediador da estratégia.

A instituição entrou em contato com grandes bancos e corretoras, pedindo que avisem sempre que identificarem ofertas relevantes de venda de dólares por parte de clientes institucionais. A intenção é que o Tesouro compre diretamente esses recursos, bloqueando a entrada excessiva de dólares no mercado comum, disseram as fontes.

A medida busca proteger a política cambial em meio à forte oscilação do peso, que recentemente havia alcançado o menor valor histórico.

Exportações isentas geram enxurrada de dólares

Na segunda-feira, 23, Milei anunciou uma isenção tributária emergencial para exportações agrícolas, com o objetivo de reforçar as reservas internacionais e estabilizar a moeda argentina.

Em troca do benefício, os exportadores foram obrigados a converter 90% dos valores obtidos no mercado de câmbio num prazo de 72 horas.

A janela fiscal provocou a entrada acelerada de dólares e atingiu o teto de US$ 7 bilhões já na quarta-feira, 25, segundo o governo.

O volume é considerado atípico, dado que o mercado argentino movimenta, em média, cerca de US$ 500 milhões por dia. Sem a intervenção oficial, essa liquidez poderia pressionar o câmbio e fortalecer o peso de forma abrupta, o que não é desejado pela atual gestão, que tenta preservar competitividade das exportações e controlar a inflação.

Peso se recupera com apoio dos EUA

Após bater 1.475 por dólar na sexta-feira anterior, o peso argentino se valorizou mais de 9% ao longo da semana, segundo dados da Bloomberg.

De acordo com a análise do Barclay, a taxa de câmbio efetiva real  da Argentina deveria ser até 30% mais baixa para estimular a economia, um diagnóstico compartilhado por empresas como StoneX e a corretora local One618, que estimam que a moeda está sobrevalorizada em torno de 20%.

Apesar de analistas estarem evitando dar uma estimativa exata, existe, entre os bancos, um consenso de que a desvalorização da moeda é essencial para restaurar o equilíbrio econômico no país.

Desde o início de seu mandato, Milei defende a ideia de manter uma moeda forte como parte de um plano duplo que inclui a austeridade fiscal, para controlar a inflação e estabilizar a economia.

Embora esse modelo tenha sido eficaz na redução da inflação de mais de 200% para 33,6% atualmente, a persistente valorização do peso tem gerado preocupações em diversos setores.

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