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Governo Trump cancela pesquisa anual sobre segurança alimentar nos EUA, diz jornal

Departamento responsável afirma que levantamento não é obrigatório perante a Lei

Segundo o USDA, o relatório não é obrigatório por lei e teria se tornado "excessivamente politizado" (Saul Loeb/AFP)

Segundo o USDA, o relatório não é obrigatório por lei e teria se tornado "excessivamente politizado" (Saul Loeb/AFP)

Guilherme Naldis
Guilherme Naldis

Redator freelancer

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 17h02.

O governo Trump decidiu cancelar, a partir de 2025, um levantamento anual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que mede a insegurança alimentar no país, segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal. A pesquisa, realizada desde a década de 1990, é considerada a principal fonte de dados sobre o acesso dos americanos à alimentação.

A decisão foi comunicada internamente a funcionários do Serviço de Pesquisa Econômica do USDA, responsável pela análise dos dados.

Em nota ao jornal americano neste sábado, 20, o USDA informou o relatório não é obrigatório por lei e, segundo a justificativa oficial, teria se tornado "excessivamente politizado".

Ainda assim, o relatório de 2024 será publicado em outubro; a edição de 2025 foi oficialmente suspensa.

Acadêmicos e especialistas ouvidos pelo jornal americano reagiram com surpresa e preocupação. Para Colleen Heflin, professora da Universidade de Syracuse e estudiosa do tema há décadas, a suspensão do levantamento ocorre em um momento crítico, com inflação em alta e mercado de trabalho em deterioração - dois fatores que historicamente agravam a insegurança alimentar.

Em 2023, o próprio USDA estimou que cerca de 13,8 milhões de crianças viviam em lares com dificuldade de acesso a alimentos.

A pesquisa integra o suplemento da "Current Population Survey", coordenada pelo Departamento de Comércio e o Departamento do Trabalho dos EUA, e serve de base para estatísticas oficiais sobre emprego, renda e pobreza.

Economistas temem que a eliminação da pesquisa prejudique o monitoramento de um dos principais indicadores de bem-estar social do país. Craig Gundersen, ex-economista do USDA e hoje professor na Universidade Baylor, afirma que o levantamento forneceu insights cruciais sobre a relação entre insegurança alimentar e questões de saúde física e mental.

A decisão vem em um contexto de retração em programas sociais. Neste ano, o governo Trump já havia sancionado cortes no orçamento do SNAP (o programa federal de auxílio alimentar), além de impor critérios mais rígidos para beneficiários.

Para Lindsey Smith Taillie, da Universidade da Carolina do Norte, a suspensão da pesquisa pode abrir caminho para novos cortes ao tornar o problema da fome menos visível.

Apesar das críticas, a Casa Branca ainda não se manifestou oficialmente sobre a medida.

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