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Guerra da Ucrânia: se conflito acabar hoje, como ficará o país?

Líderes dos EUA e da Europa negociam nesta segunda-feira maneiras de acabar com o confronto entre os países

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, durante entrevista coletiva em 17 de agosto (Simon Wohlfahrt/AFP)

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, durante entrevista coletiva em 17 de agosto (Simon Wohlfahrt/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de agosto de 2025 às 12h49.

Última atualização em 18 de agosto de 2025 às 14h10.

A Ucrânia terá um dia decisivo para seu futuro nesta segunda-feira, 18. O presidente Volodymyr Zelensky irá à Casa Branca debater com o presidente Donald Trump possíveis concessões para negociar o fim da Guerra da Ucrânia, iniciada quando a Rússia invadiu o seu território, em 2022.

Os termos para um acordo de paz, que ainda são negociados, definirão o futuro do país. Um dos pontos mais delicados é a possível perda de parte da Ucrânia para a Rússia.

Zelensky assumiu pela primeira vez, no fim de semana, que aceitaria abrir mão de alguma parte do país. Antes, esse ponto era considerado inegociável. Líderes europeus também são contra a ideia, pois a Rússia sairia com vantagem do conflito e poderia tentar novas investidas assim no futuro. Há 80 anos, nenhum país europeu tomava território de outro à força, algo proibido por tratados internacionais.

Atualmente, a Rússia ocupa cerca de 20% do território da Ucrânia. Se Moscou manter o controle dessas áreas, que tomou à força, passaria a dominar uma ampla faixa do leste e do sul do país, incluindo as regiões de Donetsk e Lugansk. Neste acerto, a Rússia também manteria a Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014.

Cidades como Kharkiv, Kherson e Zaporizhia estão muito perto da atual linha de combate, mas hoje estão sob controle da Ucrânia, segundo dados do Institute for the Study of War (ISW), que faz um levantamento diário das posições no front.

O ISW aponta que a Rússia geralmente consegue dominar áreas rurais nas fronteiras com mais facilidade, mas tem dificuldade para conquistar cidades e instalações fortificadas. Ao longo de três anos de conflito, vários territórios foram conquistados pelos russos e depois perdidos, a um custo de milhares de vidas dos dois lados.

Em entrevista no domingo, 17, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o governo Trump busca um acordo para garantir que a Ucrânia possa ser reconstruída e que uma invasão russa "nunca aconteça de novo".

A economia da Ucrânia teve impactos severos com a guerra. Em 2022, ano da invasão, o PIB encolheu 28,8%. Nos anos seguintes, houve recuperação, mas mais lenta. Em 2025, o país deve crescer 2%. Apesar da invasão, negócios seguem funcionando em parte do país, assim como serviços públicos, como a saúde e a educação.

Um estudo do Banco Mundial, de fevereiro de 2025, estima que serão necessários US$ 524 bilhões para reconstruir a economia do país ao longo dos próximos dez anos. Há problemas sérios a resolver, como a falta de mão-de-obra, instalações destruídas e aumento da informalidade.

Prédio residencial atacado em Kharkiv, na Ucrânia, cidade perto da linha de frente da guerra (Governo da Ucrânia/AFP)

Como a Ucrânia poderá mudar depois da guerra?

Esta resposta ainda depende de quais termos serão incluídos em um acordo de paz. Entre as principais demandas russas, estão que a Ucrânia não possa se filiar à Otan (aliança militar do Ocidente) e que abra mais espaço para a influência russa, como tornar o russo uma das línguas oficiais do país e dar mais direitos para a Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia.

A Ucrânia busca também garantias de que a Rússia não volte a invadir o país no futuro. As formas de garantir isso estão em debate. Uma delas é criar uma força militar internacional fixa para defender as fronteiras e impedir uma invasão russa. A ideia é rechaçada por Moscou.

Outra opção é criar uma espécie de acordo em que os Estados Unidos e países da Europa se comprometam a defender a Ucrânia, automaticamente, em caso de uma nova invasão. A Otan possui uma regra desse tipo entre seus membros, chamada de Artigo 5. Assim, a Ucrânia teria esse tipo de proteção, mas sem integrar formalmente a entidade.

Como a Rússia poderá mudar depois da guerra?

Após a invasão da Ucrânia, a Rússia foi alvo de uma série de sanções econômicas. Empresas americanas e europeias deixaram de fazer negócios com o país, que foi também desligado da rede Swift, o sistema internacional de pagamentos.

Trump tem sugerido que o fim da guerra poderá abrir espaço para a retomada de negócios entre empresas russas e americanas. Com isso, empresas como Apple e McDonald's poderiam voltar para a Rússia.

A questão, no entanto, depende também do interesse das empresas estrangeiras de voltar à Rússia após terem sido obrigadas a sair de lá às pressas.

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