Agência de Notícias
Publicado em 18 de julho de 2025 às 16h39.
Abu Obeida, porta-voz do braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, acusou nesta sexta-feira, 18, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de rejeitar um acordo abrangente que permitiria a libertação de todos os 50 reféns em um único lote, e disse que seus combatentes estão prontos para "uma longa batalha de atrito" na Faixa Gaza, onde Israel matou quase 59.000 pessoas em 21 meses.
"Nos últimos meses, propusemos repetidamente um acordo abrangente para a entrega imediata de todos os prisioneiros inimigos. O criminoso de guerra Netanyahu e seus ministros rejeitaram nossa oferta", disse Obeida em um discurso transmitido pela emissora "Al Jazeera", do Catar.
Além disso, afirmou que, se Israel não mostrar mais flexibilidade nas negociações, também não serão liberados dez reféns vivos, como havia anunciado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Obeida insistiu que as negociações podem trazer um "fim à guerra de extermínio", a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e a entrada de alimentos, caso contrário não poderá garantir "um retorno aos acordos parciais".
Sobre a continuação dos ataques, que esporadicamente matam soldados em Gaza, Obeida disse que a estratégia atual da liderança das Brigadas al-Qassam é perpetrar "ataques letais", realizar operações seletivas e tentar capturar soldados.
O porta-voz também culpou outros países por sua inação, dizendo que eles estão observando os habitantes de Gaza "sendo mortos às dezenas de milhares, passando fome e privados de água e remédios" sem serem movidos a agir.
"O inimigo não teria cometido genocídio em plena vista e ao alcance dos ouvidos dos líderes da nação se não lhes tivesse sido assegurada a impunidade, garantido o silêncio e comprado a traição", acrescentou o comandante.
Por sua vez, ele agradeceu aos rebeldes houthis do Iêmen pelo apoio, "paciência e honestidade" enquanto continuam lançando mísseis contra Israel - quase todos interceptados - ou atacando navios mercantes no mar Vermelho, e também às pessoas comuns que demonstram solidariedade ao povo de Gaza.
Milhares de crianças estão sofrendo de desnutrição devido à falta de alimentos no enclave, quase toda a população foi deslocada à força e Israel destruiu cidades, hospitais, universidades e locais de culto nos últimos 21 meses.
Um número cada vez maior de pessoas corre para os poucos hospitais em funcionamento com sintomas de desnutrição, reportou o Ministério da Saúde do enclave em um comunicado nesta sexta-feira, enquanto os preços dos alimentos sobem devido ao bloqueio israelense de suprimentos e a farinha está em falta.
No entanto, Obeida advertiu Israel de que, se a ofensiva continuar, o preço - embora em uma "luta desigual" - será pago por ambos.
"Se o governo terrorista do inimigo optar por continuar a guerra genocida, também estará optando por continuar a receber seus soldados e oficiais em caixões", alertou.