Índia: ampla população jovem e qualificada impulsiona setores de tecnologia. (menonsstocks/Getty Images)
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Publicado em 29 de maio de 2025 às 09h49.
Um alto funcionário do governo indiano afirmou recentemente que o país já é a quarta maior economia do mundo, gerando grande repercussão nas redes sociais locais, com muitos celebrando a conquista.
Segundo B.V.R. Subrahmanyam, CEO do think tank estatal Niti Aayog, a afirmação tem base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Somos a quarta maior economia enquanto falo… e esses dados não são meus, são do FMI", disse ele.
Segundo reportagem da CNBC, as projeções do indicam que a Índia deve alcançar um PIB de US$ 4,187 trilhões em 2025, superando levemente o Japão, com US$ 4,186 trilhões. Embora ainda não tenha oficialmente ultrapassado o Japão, o país está no caminho para consolidar essa posição, atrás apenas dos EUA, China e Alemanha.
A força da economia indiana vem de fatores estruturais, como a ampla população jovem e qualificada que impulsiona os setores de tecnologia, serviços e, cada vez mais, a indústria. Malcolm Dorson, da Global X ETFs, define o país como uma “máquina de crescimento bem ajustada”, e considera inevitável a chegada da Índia ao top 4 global.
Além disso, outro ponto que favorece esse avanço é o aumento do consumo interno, especialmente nas áreas rurais, que já representam cerca de 40% das vendas de bens de consumo, segundo a NielsenIQ. Dhiraj Nim, do ANZ Bank, prevê que a melhora no clima deve elevar a produção agrícola e a renda dos agricultores, favorecendo o poder de compra.
Nas cidades, o consumo também deve crescer, embora de forma mais moderada, graças aos cortes de impostos e estímulos econômicos anunciados no orçamento de 2025. O Banco Central da Índia também pode dar novo impulso com futuras reduções nas taxas de juros.
Esse ritmo de crescimento econômico tende a atrair mais investimentos estrangeiros, segundo Dorson. Isso pode fortalecer o mercado de capitais, gerar valorização de ativos e incluir mais empresas indianas nos índices globais.
Shumita Deveshwar, economista-chefe da TS Lombard, alerta para desafios: “há um enorme abismo entre o padrão de vida da Índia e o do Japão”. A renda per capita indiana é de US$ 2.880, muito abaixo dos US$ 33.960 do Japão.
Deveshwar destaca a necessidade urgente de ampliar investimentos em infraestrutura, educação e capacitação profissional para melhorar o nível de vida e garantir um crescimento sustentável. Ela também aponta falhas na execução de reformas importantes, como a trabalhista e a agrícola.
Para Nim, do ANZ, o avanço da Índia é “um curso natural dos acontecimentos”, mas é preciso focar em aumentar a prosperidade da população. Ele defende que o país seja mais receptivo a empresas estrangeiras e que invista apenas nos setores em que tem vantagem competitiva.
Deveshwar relata que o sucesso depende de agilidade na implementação das reformas: “Precisamos corrigir os atrasos e gargalos nas políticas para que a Índia siga competitiva e alcance o posto de terceira maior economia do mundo”.
Um acordo comercial entre Índia e EUA pode sair até o fim de junho, segundo fontes do governo. Os americanos devem visitar o país nos próximos dias para fechar os detalhes. A Índia seguirá proibindo a importação de produtos geneticamente modificados, mas pode liberar itens agrícolas convencionais.
As exportações de iPhones da Índia para os EUA dispararam em abril, atingindo cerca de 3 milhões de unidades - um salto de 76% em relação ao ano anterior, de acordo com a Omdia. Enquanto isso, os envios da China despencaram para 900 mil, impactados pelas tarifas impostas por Trump.
O presidente dos EUA disse ao CEO da Apple, Tim Cook, que quer iPhones fabricados nos EUA. Em sua rede social, afirmou que aparelhos produzidos “na Índia ou em qualquer outro lugar” pagarão uma tarifa mínima de 25%. Especialistas avaliam que a mudança de produção para os EUA é inviável e a Apple deve continuar expandindo sua presença na Índia.
As bolsas indianas operaram de maneira estável nesta quinta-feira, apesar do avanço nos mercados asiáticos. O índice Nifty 50 subiu 4,6% no ano, e o Sensex, mais de 4%. Já os rendimentos dos títulos públicos de 10 anos caíram para 6,171%.
O Goldman Sachs acredita que a demanda por petróleo na Índia será a que mais crescerá entre as grandes economias nas próximas duas décadas. No entanto, como a produção local está estagnada, o país terá que diversificar suas fontes de importação para garantir a segurança energética.
Já no setor de saúde, empresas indianas estão construindo hospitais de alta qualidade voltados para populações de baixa renda, sobretudo em áreas rurais. Abrar Mir, sócio da Quadria Capital, acredita que esse modelo é “altamente exportável”.